Governança educacional global e a gênese dos testes das habilidades socioemocionais

Autores

  • Claudia de Oliveira Fernandes Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGEDU/Unirio), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
  • Carlos Eduardo Serrina de Lima Rodrigues Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGEDU/Unirio), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.18222/eae.v28i67.4006

Palavras-chave:

Políticas Educacionais, Avaliação da Educação, Habilidades Socioemocionais, Governança Educacional Global.

Resumo

O discurso de que as economias estão cada vez mais inter-relacionadas tem justificado o papel de destaque que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tem desempenhado em relação à educação e, especialmente no que tange à investigação que originou este texto, o enaltecimento que a Organização tem dado às habilidades socioemocionais. Propomo-nos a investigar em que medida seria possível identificar na atuação da OCDE mecanismos que comprovem a existência de um projeto de governança educacional global. A aplicação do instrumental analítico proposto por Charaudeau (2014) aos documentos que compuseram nosso corpus permitiu-nos afirmar que a OCDE tem posto em prática um verdadeiro projeto de governança educacional global, constituindo os três mecanismos de governança apontados por Jakobi e Martens (2010): a produção de ideias, a avaliação de políticas e a geração de dados; assim como os modos de governança cognitivo e normativo, concebidos por Woodward (2009).

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Biografia do Autor

Claudia de Oliveira Fernandes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGEDU/Unirio), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Graduada em pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1985), mestre em Educação (1997) e doutora em Ciências Humanas/Educação (2003) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Pós doutorado em Avaliação Educacional pela Universidade Federal Fluminense. Atuou como professora da Educação Básica durante 18 anos e nos últimos 17 anos tem atuado no ensino superior, na Faculdade de Pedagogia. Desde 2004, é professora da Faculdade de Educação e da Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). De 2010 a 2013 coordenou o Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGEDU-UNIRIO. Foi consultora do MEC em diversas programas, em especial o Pro-Infantil e na publicação Indagações sobre o Currículo. Realiza pesquisas com ênfase em currículo e avaliação das aprendizagens em contextos escolares, em especial, relacionadas à implantação dos ciclos nas escolas públicas e sua relação com a avaliação, a política educacional, o currículo e a formação de professores. As pesquisas contam com financiamentos da FAPERJ e CNPq. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação e Currículo/GEPAC, cadastrado no CNPq. A temática de pano de fundo que motiva os estudos e as pesquisas é o debate acerca do papel social da educação escolar hoje e sua relação com o fracasso ou sucesso escolar. Possui diversas publicações sobre a temática, sendo a mais recente a organização do livro Avaliação das aprendizagens e o papel social da educação, editado pela Cortez em final de 2014.

Carlos Eduardo Serrina de Lima Rodrigues, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGEDU/Unirio), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Doutorando em Educação no Programa de Pós graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/PPGEDU/UNIRIO. A pesquisa desenvolveu-se com apoio da CAPES.

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Publicado

27-04-2017

Como Citar

Fernandes, C. de O., & Rodrigues, C. E. S. de L. (2017). Governança educacional global e a gênese dos testes das habilidades socioemocionais. Estudos Em Avaliação Educacional, 28(67), 214–235. https://doi.org/10.18222/eae.v28i67.4006

Edição

Seção

Artigos