Contextualização curricular numa rede de escolas portuguesas: promessa ou oportunidade perdida?
DOI:
https://doi.org/10.18222/eae.v0ix.4757Palavras-chave:
Contextualização Curricular, Avaliação Curricular, Projetos Curriculares, Política Educacional.Resumo
Na década de 1990, as políticas educativas internacionais e o campo teórico dos estudos curriculares conferiram centralidade ao debate sobre o currículo, conduzindo, nos países de tradição centralista, à passagem do paradigma do currículo uniforme, prescritivo, para um paradigma de contextualização curricular. Em Portugal, a introdução deste paradigma pelas políticas curriculares determinou a necessidade de prescrever às escolas a elaboração de um projeto curricular. A partir de então, a literatura tem demonstrado uma conceção das dinâmicas de construção, implementação e avaliação de projetos curriculares como documentos burocráticos, obedecendo a uma lógica da normatividade decretada, elaborados sobretudo para os painéis de avaliação externa das escolas, incapazes deste modo de implementar mudanças nas práticas curriculares. Neste texto, apresentam-se os resultados da avaliação de 12 projetos curriculares de uma rede colaborativa de escolas portuguesas com recurso à análise de conteúdo.
Downloads
Referências
AINSCOW, M. (Ed.). Effective schools for all. London: David Fulton, 1991.
ALÇADA, I. (Coord.). Plano Nacional de Leitura: relatório síntese. Lisboa: Ministério da Educação, 2006.
ALMEIDA, S. de. Modos de apropriação das políticas educativas para uma gestão curricular contextualizada. In: CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA, 9., 2017, Faro, PT. Atas... Faro, Portugal: Universidade do Algarve/Faculdade de Economia, 2017. p. 1281-1307.
ALMEIDA, S. de et al. Organização escolar: o tempo. Lisboa: Conselho Nacional da Educação, 2017.
ANANIADOU, K.; CLARO, M. 21st century skills and competences for new millennium learners. Paris: OECD, 2009. (OECD Education Working Papers, n. 41).
BARBIER, J.-M. Élaboration de projets d’ action et planification. Paris: PUF, 1991.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições 70, 2006. Conforme edição de 1977.
BARROSO, J. Fazer da escola um projeto. In: CANÁRIO, R. (Org.). Inovação e projeto educativo da escola. Lisboa: Educa, 1992. p. 17-55.
BARROSO, J. Para o desenvolvimento de uma cultura de participação na escola. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1995. (Cadernos de Organização e Gestão Escolar, n. 1).
BARROSO, J. Autonomia e gestão das escolas. Lisboa: Ministério da Educação, 1997.
BARROSO, J. Autonomia, contratos e direção das escolas. In: MACHADO, J.; ALVES, J. M. (Org.). Melhorar a Escola-Educação para Todos: igualdade, diversidade e autonomia. Porto: Universidade Católica Editora, 2014. p. 91-111.
BARROSO, J. ; SJORSLEV S. Administration and evaluation structures for primary and secondary schools in the twelve member states of the EC. Brussels: Eurydice, 1990.
BENAVOT, A.; BRASLAVSKY, C. (Ed.). School knowledge in comparative and historical perspective. Changing curricula in the primary and secondary education. Dordrecht, The Netherlands: Springer, 2007.
BOURDIEU, P.; PASSERON, J. C. Les héritiers: les étudiants et la culture. Paris: Minuit, 1964.
CACHAPUZ, F. et al. (Org.). Saberes básicos de todos os cidadãos no século XXI. Lisboa: Conselho Nacional de Educação, 2004. (Estudos e Relatórios). CARMEN, L. del; ZABALA, A. Guia para la elaboracion, seguimento y valoracion de proyectos curriculares de centro. Madrid: Cide, 1991.
CLARK, C. et al. Theories of inclusion, theories of schools: deconstructing and reconstructing the “inclusive school”. British Educational Research Journal, v. 25, n. 2, p. 157-176, 1999.
COSTA, J.; RAMOS, M. Os professores e a (re)construção do currículo na escola: a construção de projetos curriculares de escola e de turma. In: COSTA, J. A. et al. Gestão curricular: percursos de investigação. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2004. p. 79-97.
CUBAN, L. A fundamental puzzle of school reform. In: LIEBERMAN, A. (Ed.). Schools as colleborative cultures: creating the future now. New York: The Falmer, 1990. p. 71-77.
FINNISH NATIONAL BOARD OF EDUCATION. National Curriculum. Helsinki: FNBE, 2016.
GIMENO, J. El curriculum: una reflexión sobre la prática. Madrid: Morata, 1989.
GODET, M. Prospective et planification stratégique. Paris: Economica, 1985.
GODET, M. Prospective et stratégie: approches intégrées. Futuribles, novembro 1989.
GONÇALVES, A. M.; MORGADO, J. C. Construção de um projeto curricular de escola: perceções e predisposições dos professores. 2013. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1822/23181>. Acesso em: 18 maio 2017.
GOODSON, I. The making of curriculum. London: Falmer, 1988.
GOODSON, I. Learning, curriculum and life politics. The selected works of I. Goodson. Abingdon, Great Britain: Routledge, 2005.
HARLEN, W. Criteria for evaluating systems for student assessment. Studies in Educational Evaluation, v. 33, n. 1, p. 15-28, 2007.
HATTIE, J. Visible learning: a synthesis of 800 meta-analyses relating to achievement. London: Routledge, 2009.
HUTMACHER, W. A escola em todos os seus estados: das políticas de sistemas às estratégias de estabelecimento. In: NÓVOA, A. (Coord.). As organizações escolares em análise. Lisboa: Educa, 1992. p. 45-76.
KUCKARTZ, U. Qualitative text analysis. A guide to methods, practice and using software. London: Sage, 2014.
LE BOTERF, G. De la compétence. Essai sur un attracteur étrange. Paris: Les Éditions d’Organization, 1994.
MORGADO, J. C. Projeto curricular e autonomia da escola: possibilidades e constrangimentos. Revista Galego-Portuguesa de Psicología e Educación, v. 8, n. 10, p. 335-344, 2003.
MORGADO, J. C. Projeto curricular e autonomia da escola: das intenções às práticas. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 27, n. 3, p. 361-588, 2011.
MORGADO, J. M.; MARTINS, F. B. Projecto curricular: mudança de práticas ou oportunidade perdida? Revista de Estudos Curriculares, v. 6, n. 1, p. 3-19, 2008.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Environnement, école et pédagogie active. Paris: OECD/CERI, 1991.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. La réforme des programmes scolaires: l’évaluation en question. Paris: OECD/CERI, 1993.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. The curriculum redefined: schooling for the 21st century. Paris: OECD/CERI, 1994.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Making the curriculum work. Paris: OECD/CERI, 1998.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Innovating schools (Schooling for tomorrow project). Paris: OECD/CERI, 1999.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Trends shaping education. Paris: OECD, 2013.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. TALIS 2013 Results: an international perspective on teaching and learning. Paris: OECD Documents, 2014.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Towards defining character/attitudes/values/behaviours. In: EDUCATION 2030 WORKSHOP, 16 November 2015. Paris: OECD, 2015. (EDU/EDPC/M(2015)5: Education Working Papers, n. 41). Draft summary.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Education 2030 International Curriculum Analysis: Twenty Years of Background Analysing Mathematics and Science Curricula. In: MEETING OF THE INFORMAL WORKING GROUP OF THE FUTURE OF EDUCATION AND SKILLS, 3rd., 3-4 May 2016, Paris, France. Annals… Paris: OECD, 2016.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Project “Future of education and skills: education 2030”. Paris: OECD, 2017. (OECD Working papers).
PACHECO, J. A. Projeto curricular integrado. Lisboa: Ministério da Educação, 1998. (PEPT 2000, n. 18).
PACHECO, J. A. Critérios de avaliação na escola. In: ABRANTES, P.; ARAÚJO, F. (Org.). Avaliação das aprendizagens: das concepções às práticas. Lisboa: Ministério da Educação, DEB, 2002. p. 55-64.
PACHECO, J. A.; MORGADO, J. C. Construção e avaliação do projeto curricular de escola. Porto: Porto, 2002.
PACHECO, J. A.; PEREIRA, N. Estudos curriculares: das teorias aos projetos de escola. Educação em Revista, n. 45, p. 197-221, 2007.
PERRENOUD, P. Construire des compétences dés l’école. Paris: ESF, 1997.
PERRENOUD, P. Novas competências para ensinar. São Paulo: Artmed, 2000.
PORTUGAL. Ministério da Educação. Decreto-Lei n. 43, de 3 de fevereiro de 1989. Diário da República, Lisboa, n. 29/1989, Série I, 3 fev. 1989.
PORTUGAL. Ministério da Educação. Departamento da Educação Básica. Relatório do Projeto “Reflexão participada sobre os Currículos do Ensino Básico”. Lisboa: ME-DEB, 1997.
PORTUGAL. Ministério da Educação. Decreto-Lei n. 6, de 18 de janeiro de 2001. Diário da República, Lisboa, n. 15/2001, Série I-A, 18 jan. 2001a.
PORTUGAL. Ministério da Educação. Currículo nacional do ensino básico – competências essenciais. Lisboa: Ministério da Educação, 2001b.
PORTUGAL. Ministério da Educação. Decreto-Lei n. 139, de 5 de julho de 2012. Diário da República, Lisboa, n. 129/2012, Série I, 5 jul. 2012.
RED JESUÏTES EDUCACIÓ. Projeto Horizonte 2020. Barcelona, 2015.
RODRIGUES, M.; SÁ-CHAVES, I. Gestão curricular e cultura de escola: a relação entre as dimensões curriculares instituída e instituinte. In: COSTA, J. et al. Gestão curricular, percursos de investigação. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2004. p. 69-87.
ROLDÃO, M. C. O diretor de turma e a gestão curricular. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1995. (Cadernos de Organização e Gestão Escolar, n. 2).
ROLDÃO, M. C. Currículo: um processo de construção, gestão e formação reflexiva centrado na escola. In: ENCONTRO DE INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 6., Castelo de Vide, 6, 7 e 8 de abril de 1997. Actas... Portalegre: SPCE, 1998. p. 31-39.
ROLDÃO, M. C. Currículo como projeto: o papel das escolas e dos professores. In: MARQUES, R.; ROLDÃO, M. C. (Org.). Reorganização e gestão curricular no ensino básico. Porto: Porto, 1999a. p. 11-21.
ROLDÃO, M. C. Gestão curricular. Fundamentos e práticas. Lisboa: Ministério da Educação, Departamento de Educação Básica, 1999b.
ROLDÃO, M. C. Os professores e a gestão do currículo: perspetivas e práticas em análise. Porto: Porto, 1999c.
ROLDÃO, M. C. O currículo escolar: da uniformidade à contextualização – campos e níveis de decisão curricular. Revista de Educação, v. 9, n. 9, p. 81-92, 2000.
ROLDÃO, M. C. A escola como instância de decisão curricular. In: ALARCÃO, I. (Org.). Escola reflexiva e supervisão: uma escola em desenvolvimento e aprendizagem. Porto: Porto, 2001. p. 67-77. (CIDInE, n. 14).
ROLDÃO, M. C. Avaliação de competências e gestão do currículo: as questões dos professores. Lisboa: Presença, 2003a.
ROLDÃO, M. C. Diferenciação curricular revisitada: conceito, discurso e práxis. Porto: Porto, 2003b.
ROLDÃO, M. C. Formação e práticas de gestão curricular: crenças e equívocos. Porto: Asa, 2005a.
ROLDÃO, M. C. Para um currículo do pensar e do agir: as competências enquanto referencial de ensino e aprendizagem. En Direct de l’APPF, suplemento, p. 9-20, fev. 2005b.
ROLDÃO, M. C. A função curricular da escola e o papel dos professores: políticas, discurso e práticas de contextualização e diferenciação curricular. In: COLÓQUIO LUSO-BRASILEIRO DAS QUESTÕES CURRICULARES, 4., Florianópolis, Brasil, setembro de 2008. Anais... Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2008.
ROLDÃO, M. C. Currículo, formação e trabalho docente. In: SANTOS, L. L. C. P.; FAVACHO, A. M. P. (Org.). Políticas e práticas curriculares: desafios contemporâneos. Curitiba, Brasil: CRV, 2012. p. 65-79.
ROLDÃO, M. C. Currículo, didáticas e formação de professores – a triangulação esquecida? In: OLIVEIRA, M. R. (Org.). Professor: formação, saberes e problemas. Porto: Porto, 2014. p. 91-103.
ROLDÃO, M. C. Currículo enquanto conhecimento necessário: eixos de uma discussão. In: CONSELHO NACIONAL DA EDUCAÇÃO. Pareceres e Conferências. Lisboa: CBE, 2016.
ROLDÃO, M. C.; FERRO, N. O que é avaliar? Reconstrução de práticas e conceções de avaliação. Estudos em Avaliação Educacional, v. 26, n. 63, p. 570-594, set./dez. 2015.
SACRISTÁN, J. G. El curriculum: una reflexión sobre la práctica. 4, ed. Madrid: Morata, 1994.
SKILBECK, M. Curriculum reform: an overview of trends. Paris: OECD, 1990.
SKILBECK, M. The core curriculum. In: ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. The curriculum redefined: schooling for the 21st century. Paris: OECD, 1994. p. 95-100.
TARDIF, J. Le transfert des compétences analysé à travers la formation de professionels. In: MEIRIEU, P. et al. (Ed.). Le concept de transfert de connaissances en formation initiale et en formation continue. Lyon: CRDP, 1996. p. 55-72.
TYACK, D.; CUBAN, L. Tinkering toward utopia. A century of public school reform. Cambridge: Harvard University, 1995.
UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Curriculum in the twenty-first century: challenges, tensions and open questions. Paris: Unesco Education Research and Foresight, 2014. (ERF Working Papers, n. 9). Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/ images/0022/002294/229458e.pdf>. Acesso em: 10 maio 2017.
UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. The curriculum in debates and in educational reforms to 2030: for a curriculum agenda of the twenty-first century, Geneva, 2015. (IBE Working Papers on Curriculum Issues, n. 15).
UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Repensar a educação: rumo a um bem comum mundial? Brasília, DF: Unesco, 2016.
YOUNG, M. The curriculum of the future. From the new sociology of education to a critical theory of learning. London: Falmer, 1998.
ZABALZA, M. Do currículo ao projeto da escola. In: CANÁRIO, R. (Org.). Inovação e projeto educativo de escola. Lisboa: Educa, 1992. p. 87-107.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Estudos em Avaliação Educacional
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons BY-NC do tipo "Atribuição Não Comercial" que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).