Infraestrutura escolar e Educação Física: tensões e conflitos
DOI:
https://doi.org/10.18222/eae.v0ix.6547Palavras-chave:
Infraestrutura Escolar, Educação Física, Ensino Fundamental, Políticas PúblicasResumo
Pretende-se, neste artigo, estudar a influência das infraestruturas escolares desportivas no cumprimento do currículo de Educação Física, na qualidade do processo de ensino e nas aprendizagens realizadas pelos alunos. Trata-se de um estudo de metodologia investigativa qualitativa que utilizou a entrevista semiestruturada como instrumento de coleta e produção de dados. A pesquisa empírica contemplou entrevistas com os cinco diretores das escolas públicas municipais dos anos finais do ensino fundamental da cidade de Armação dos Búzios-RJ. Os dados obtidos pela análise de conteúdo foram organizados em três categorias, sendo a categoria “Descaso Público” elucidativa e didática. Infere-se que o ambiente de aprendizagem existente (as quadras polidesportivas em praças públicas) e a infraestrutura escolar disponibilizada para as aulas de Educação Física inviabilizam o cumprimento do currículo em sua integralidade, afetam os conteúdos de ensino e, por conseguinte, os objetivos educacionais não são atingidos.
Downloads
Referências
ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. Lisboa: Editorial Presença, 1980.
ALVES, Maria Teresa Gonzaga; XAVIER, Flavia Pereira. Indicadores multidimensionais para avaliação da infraestrutura escolar: o ensino fundamental. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 48, n. 169, p. 708-746, jul./set. 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/198053145455
ARAÚJO, Samuel Nascimento de. O tempo e o espaço da educação física em escolas da rede municipal de Guarani das Missões/RS. Motrivivência, Florianópolis, n. 39, p. 25-34, 2012. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2012v24n39p25
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BENTO, Lilian; RIBEIRO, Romes. As aulas de educação física na concepção dos alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental da cidade de Indianópolis-MG. Motrivivência, Florianópolis, n. 31, p. 354-368, dez. 2008. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2008n31p354
BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004.
BRASIL. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Documentação, 2018.
BRITTIN, Jeri et al. Physical activity design guidelines for school architecture. PLoS ONE, San Francisco, v. 10, n. 7, p. 1-30, 2015. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0132597
DAMAZIO, Márcia; SILVA, Maria Fátima. O ensino da Educação Física e o espaço físico em questão. Pensar a Prática, Goiânia, v. 11, n. 2, p. 189-196, ago. 2008. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v11i2.3590
DE PAULA, Alisson Slider do Nascimento et al. O ensino da educação física e a sua infraestrutura em questão: correlação com a prática pedagógica dos professores das escolas da rede municipal de Sobral/CE. Motrivivência, Florianópolis, n. 39, p. 57-65, 2012. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2012v24n39p57
DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
FERNÁNDEZ, Iván López. Aprovechamiento en horario no lectivo de instalaciones deportivas de colegios de educación primaria. Apunts. Educación Física y Deportes, n. 103, p. 83-90, 2011.
FERREIRA NETO, Rubem Barboza. O reflexo da infraestrutura escolar nas aulas de educação física no ensino fundamental. 2017. 183 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico do Porto, Porto, 2017. Disponível em: http://recipp.ipp.pt/ bitstream/10400.22/10015/1/DM_RubemNeto_2017.pdf. Acesso em: 12 fev. 2019.
FIRESTONE, William A.; PENNELL, James R. Teacher commitment, working conditions, and differential incentive policies. Review of Educational Research, v. 63, n. 4, p. 489-525, 1993. DOI: https://doi.org/10.3102/00346543063004489
FLICK, Uwe. Desenho da pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FREIRE, Paulo. Educação como prática para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
FUNDAÇÃO LEMANN; MERITT. Pesquisa sobre o Censo Escolar/INEP 2017 da cidade de Armação dos Búzios-RJ. Portal QEdu, 2019. Disponível em: https://www.qedu.org.br/cidade/2733-armacaodos-buzios/aprendizado. Acesso em: 27 fev. 2019.
GIBBS, Graham. Análise de dados qualitativos. Porto Alegre: Artmed, 2009.
HARGREAVES, Andy. Four ages of professionalism and professional learning. Teachers and Teaching: History and Practice, v. 6, n. 2, p. 151-182, 2000. DOI: https://doi.org/10.1080/713698714
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Perfil dos Municípios Brasileiros: Esporte 2003. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.
KANTERS, Michael A. et al. Shared use of school facilities with community organizations and afterschool physical activity program participation: a cost-benefit assessment. Journal of School Health, v. 84, n. 5, p. 302-309, 2014. DOI: https://doi.org/10.1111/josh.12148
KUNZ, Elenor. Educação Física: ensino e mudanças. 3. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2012.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
MACEDO, Christiane Garcia; GOELLNER, Silvana Vilodre. Espaços e equipamentos para a educação física escolar e não-escolar: entrevista com Celi Nelza Zulke Taffarel. Motrivivência, Florianópolis, n. 39, p. 66-75, dez. 2012. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2012v24n39p66
MAGALHÃES, Carlos Henrique Ferreira; MARTINELI, Telma Adriana Pacífico. Soluções formais no enfrentamento dos problemas da prática escolar: o estranhamento dos professores de educação física escolar. Motrivivência, Florianópolis, n. 36, p. 214-235, 2011. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2011v23n36p214
MARQUES, Margarete Oleiro. Ambiente escolar e atividades físicas em escolares de Pelotas, RS. 2012. 99 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2012.
MOTA, Maria Océlia. Implementação de políticas públicas educacionais na perspectiva dos agentes burocráticos. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 29, n. 72, p. 684-709, set./dez. 2018. DOI: https://doi.org/10.18222/eae.v29i72.5656
PORATH, Margareth et al. Fase de desinvestimento da carreira docente de professores de Educação Física. Movimento, Florianópolis, n. 4, p. 203-222, out/dez. 2011. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.23058
REZENDE, Leandro Fórnias Machado de et al. The role of school environment in physical activity among Brazilian adolescents. PLoS ONE, v. 10, n. 6, p. 1-14, 2015. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0131342
SÁ, Jauri dos Santos; WERLE, Flávia Obino Corrêa. Infraestrutura escolar e espaço físico em educação: o estado da arte. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 47, n. 164, p. 386-413, out./dez. 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/198053143735
SAMPAIO, Pedro Augusto Carvalho; SILVA, Junior Vagner Pereira da; BAHIA, Cristiano Sant’Anna. Investimento em infraestrutura do mundial FIFA 2014: “quem ganha?” e “quem paga a fatura?”. Motrivivência, Florianópolis, n. 39, p. 76-91, 2012. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2012v24n39p76
SÁTYRO, Natália; SOARES, Sergei. A infraestrutura das escolas brasileiras de ensino fundamental: um estudo com base nos censos escolares de 1997 a 2005. Brasília: Ipea, 2007.
SILVA, Cristina Rocha; GOBBI, Beatriz Christo; SIMÃO, Ana Adalgisa. O uso da análise de conteúdo como uma ferramenta para a pesquisa qualitativa: descrição e aplicação do método. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 7, n. 1, p. 70-81, jan./abr. 2005.
SILVA, João Coletto da; SILVEIRA, Éder da Silva da. Avaliação emancipatória do ensino médio politécnico: experiências etnográficas na educação física. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 29, n. 71, p. 472-503, maio/ago. 2018. DOI: https://doi.org/10.18222/eae.v0ix.4950
SOARES NETO, Joaquim José et al. Uma escala para medir a infraestrutura escolar. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 24, n. 54, p. 78-99, jan./abr. 2013. DOI: https://doi.org/10.18222/eae245420131903
SOUZA, Silvana Esmenia de Dalto de. A prática pedagógica e o ensino de educação física no cotidiano de duas escolas públicas estaduais do bairro Jardim Santo André: entre o texto oficial e o contexto cotidiano. 2009. 130 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
TARDIF, Maurice. A profissionalização do ensino passados trinta anos: dois passos para a frente, três para trás. Educação e Sociedade, Campinas, v. 34, n. 123, p. 551-571, 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73302013000200013
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
ZANDVLIET, David; BROEKHUIZEN, Avril. Spaces for learning: development and validation of the school physical and campus environment survey. Learning Environment Research, Heidelberg, v. 20, p. 175-187, 2017. DOI: https://doi.org/10.1007/s10984-017-9228-y
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Estudos em Avaliação Educacional
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons BY-NC do tipo "Atribuição Não Comercial" que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).