Juvenilização da EJA como efeito colateral das políticas de responsabilização
DOI:
https://doi.org/10.18222/eae.v0ix.5013Palavras-chave:
Responsabilização, Educação de Jovens e Adultos (EJA), Qualidade da Educação, Avaliação da Educação.Resumo
O fenômeno denominado Juvenilização da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é analisado no presente artigo como consequência da expulsão de jovens em defasagem idade-série da escola regular. O pressuposto é que o fenômeno tem se intensificado na medida em que a correção de fluxo tem funcionado como mecanismo de escape, utilizado por gestores com o objetivo de evitar as sanções previstas nas políticas de responsabilização às escolas e aos professores que não alcançam as metas de desempenho estabelecidas pelas diferentes esferas do sistema. São utilizados dados estatísticos sobre o histórico de matrículas na EJA na rede municipal de ensino da cidade do Rio de Janeiro para sustentar que as políticas de avaliação em larga escala, anunciadas como garantidoras da qualidade da educação, têm favorecido a manutenção de processos de exclusão escolar. Aportes pós-estruturalistas, em especial a Teoria do Discurso, sustentam a problematização de uma concepção instrumental de qualidade.
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