Examens et logiques de fabrication des bons élèves de classe moyenne
Mots-clés :
Relations Parents-Étudiants, Classe Moyenne, Relations École-Famille, Rendement ScolaireRésumé
Ce texte analyse les opinions de parents très scolarisés, issus des classes moyennes urbaines, concernant les examens de la quatrième année. Très répandues sur la blogosphère, ces opinions s’inscrivent dans le cadre de l’accroissement des investissements en éducation et de la scolarisation des enfants provenant de ce groupe social. L’analyse de 38 publications et de 311 commentaires appartenant à 29 blogs, publiés entre 2012 et 2015 sur des pages internet en portugais, a montré plusieurs logiques de fabrication de bons élèves qui contredisent l’homogénéité présumée des rapports entre les classes moyennes et l’école. On propose ici une typologie exploratoire visant à rendre compte non seulement des différentes éthiques du travail scolaire, mais aussi des modèles de suivi de ce travail, ainsi que des conceptions de l’enfant-élève coexistantes au sein de ce groupe social.
Téléchargements
Références
AFONSO, A. Questões, objetos e perspetivas em avaliação. Avaliação: Revista da Educação Superior, Campinas, v. 19, n. 2, p. 487-507, 2014.
ALANEN, L. Generational order. In: QVORTRUP, J.; CORSARO, M.; HONING, M-S (Org.). Handbook of childhood studies. London: Palgrave, 2009. p. 159-174.
ALMEIDA, J. F.; CAPUCHA, L.; COSTA, A. F.; MACHADO, F. L.; TORRES, A. A sociedade. In: REIS, A. (Org.). Retrato Portugal: factos e acontecimentos. Rio de Mouro: Temas & Debates, 2007. p. 43-79.
BALL, S. J. Class strategies and the education market: the middle class and social advantage. London: Routledge Falmer, 2003.
BALL, S. J. Performatividade, privatização e o pós-estado do bem-estar. Educação & Sociedade, Campinas, v. 25, n. 89, p. 1105-1126, 2004.
BALL, S.; VINCENT, C.; KEMP, S.; PIETIKAINEN, S. Middle class fractions, childcare and the “relational” and “normative” aspects of class practices, The Sociological Review, v. 52, n. 4, p. 478-502, 2004.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009.
BARRET DEWIELE, C. E.; EDGERTON, J. D. Parentocracy revisited: still a relevant concept for understanding middle class educational advantage? Interchange, v. 47, p. 189-210, 2016.
BECK, U. A reinvenção da política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In: BECK, U.; GIDDENS, A.; LASH, S. (Org.). Modernização ref lexiva, política, tradição e estética no mundo moderno. Oeiras: Celta, 2000. p. 1-52.
BIDOU-ZACHARIASEN, C. Les classes moyennes: définitions, travaux et controverses.
Éducation et Sociétés, n. 14, p. 119-134, 2004.
BOURDIEU, P. La distinction: critique sociale du jugement. Paris: De Minuit, 1979.
BOURDIEU, P.; PASSERON, J.-C. Les héritiers: les étudiants et la culture. Paris: De Minuit, 1964.
BROWN, P. The “Third wave”: education and the ideology of parentocracy. British Journal of Sociology of Education, v. 11, n. 1, p. 65-85, 1990.
CARDOSO, G.; COSTA, A. F.; COELHO, A.; PEREIRA, A. A sociedade em rede em Portugal: uma década de transição. Coimbra: Almedina, 2015.
CHAUVEL, L. L’école et la déstabilisation des classes moyennes. Éducation et Sociétés, v. 2, n. 14, p. 101-118, 2004.
COLLET-SABÉ, J.; TORT, A. What do families of the ‘professional and managerial’ class
educate their children for? The links between happiness and autonomy. British Journal of Sociology of Education, v. 36, n. 2, p. 234-249, 2013.
CORSARO, W. Sociology of childhood. London: Pine Forge, 1997.
COSTA, A. F.; MAURITTI, R.; MARTINS, S. C.; MACHADO, F. L.; ALMEIDA, J. F. Classes sociais na Europa. Sociologia, Problemas e Práticas, n. 34, p. 9-46, 2000.
DIOGO, A. M.; FERREIRA, M.; MELO, B. P. “Exames para que te quero!”: pistas para aprofundar um debate inacabado. Plataforma Barómetro Social, 1ª série de 2016 de artigos de opinião, março 2016.
DUBET, F. Les lycéens. Paris: Seuil, 1991.
ESTANQUE, E. A classe média: ascensão e declínio. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2012.
ESTEVES, M. Análise de conteúdo. In: LIMA, J. A.; PACHECO, J. A. (Org.). Fazer investigação. Porto: Porto, 2006. p. 105-126.
EURYDICE. Exames nacionais de alunos na Europa. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação, 2010.
FERREIRA, M.; DIOGO, A. M.; MELO, B. P. Performance escolar: os exames do 4.º ano na TV. Análise Social, v. 227, n. LIII, p. 280-307, 2018.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1977.
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. Oeiras: Celta, 2002.
IRWIN, S.; ELLEY, S. Concerted cultivation? Parenting values, education and class diversity. Sociology, v. 45, n. 3, p. 480-495, 2011.
KELLERHALS, J.; MONTANDON, C. Les stratégies educatives des familles: milieu social, dynamique, familiale et education des pré-adolescents. Neuchâtel: Delachaux et Niestlé, 1991.
LAREAU, A. Unequal childhoods: class, race and family life. Berkeley: University of California Press, 2003.
MAGALHÃES, A.; STOER, S. A nova classe média e a reconfiguração do mandato endereçado ao sistema educativo. Educação, Sociedades & Culturas, n. 18, p. 25-40, 2002.
MAROY, C. A análise qualitativa de entrevistas. In: ALBARELLO, L.; DIGNEFFE, F.; HIERNAUX, J.-P.; MAROY, C.; RUQUOY, D.; SAINT-GEORGES, P. (Org.). Práticas e métodos de investigação em ciências sociais. Lisboa: Gradiva, 1997. p. 117-155.
MAROY, C.; VOISIN, A. As transformações recentes das políticas de accountability na educação: desafios e incidências das ferramentas de ação pública. Educação & Sociedade, Campinas, v. 34, n. 124, p. 881-901, 2013.
MELO, B. P.; DIOGO, A. M.; FERREIRA, M. O regresso dos exames do 4º ano: escola, crianças e dinâmicas familiares na blogosfera. Sociologia, Problemas e Práticas, v. 81, p. 141-161, 2016.
MONS, N. Effets théoriques et réels des politiques d’évaluation standardisée. Revue Française de Pédagogie, v. 169, p. 99-139, 2009.
NOGUEIRA, M. A. Um tema revisitado: as classes médias e a educação escolar. In: DAYRELL, J.; NOGUEIRA, M. A.; RESENDE, J. M.; VIEIRA, M. M. (Org.). Família, escola e juventude. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. p. 110-131.
PERRENOUD, P. Métier d’élève et sens du travail scolaire. Paris: ESF Éditeur, 1994.
PORTUGAL. Conselho Nacional de Educação. Avaliação das aprendizagens dos alunos no ensino básico. Relatório técnico. Lisboa: CNE, 2016.
TONUCCI, F. Contributo para a definição de um modelo educativo: da escola transmissiva à escola construtiva. Análise Psicológica, v. 1, n. 5, p. 169-178, 1986.
TURMEL, A. A historical sociology of childhood: developmental thinking, categorization and graphic visualization. New York: Cambridge University Press, 2009.
VAN ZANTEN, A. Les classes moyennes, l’école et la ville: la reproduction renouvelée. Education et Sociétés, n. 14, p. 5-12, 2004.
VAN ZANTEN, A. New modes of reproducing social inequality in education: the changing role of parents, teachers, schools and educational policies. European Educational Research Journal, v. 4, n. 3, p. 155-169, 2005.
VAN ZANTEN, A. Reflexividad y elección de la escuela por los padres de la clase media en
Francia. Revista de Antropologia Social, n. 16, p. 245-278, 2007.
VAN ZANTEN, A. El fin de la meritocracia: un análisis de los cambios recientes en las relaciones de la escuela con el sistema económico, político y social. In: FANFANI, E. T. (Org.). Nuevos tiempos y nuevos temas de la agenda de política educativa. Buenos Aires: IIPE Unesco/SXXI Editores, 2008. p. 173-190.
VICENT, C.; MAXWELL, C. Parenting priorities and pressures: furthering understanding of
“concerted cultivation”. Discourse: Studies in the Cultural Politics of Education, v. 37, n. 2, p. 269-281, 2016.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Porto: Presença, 1983.
WOODHEAD, M. Sujeitos, objetos ou participantes: dilemas da investigação psicológica com crianças. In: CHRISTENSEN, P.; JAMES, A. (Org.). Investigação com crianças, perspectivas e práticas. Porto: Edições Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, 2005. p. 1-28.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
© Cadernos de Pesquisa 2018
Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale 4.0 International.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).