“Não é uma caixa!”: Transformações dos sentidos atribuídos a uma caixa de papelão

Autores

  • Jacqueline da Silva Gonçalves Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Belo Horizonte (MG), Brasil https://orcid.org/0000-0003-3382-3209
  • Elenice de Brito Teixeira Silva Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Guanambi (BA), Brasil
  • Vanessa Ferraz de Almeida Neves Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte (MG), Brasil https://orcid.org/0000-0003-4094-3639

Palavras-chave:

Brincadeira, Imaginação, Teoria Histórico-cultural, Etnografia

Resumo

Este artigo tem como objetivo argumentar que a brincadeira é uma atividade de produção de subjetividades, significações, narrativas e, portanto, de consciência humana em condições histórica e culturalmente situadas. A partir da teoria histórico-cultural e da etnografia em educação, discutimos que a brincadeira é um ato de criação de possibilidades, tanto de participação no grupo social como de produção de sentidos para o que acontece na vida coletiva, por meio da análise de criação de sentidos para uma caixa de papelão no evento “Não é uma caixa!”. Concluímos que a brincadeira cria contradições entre os campos perceptivo, narrativo e imaginário, ampliando as possibilidades de ação, linguagem e relações sociais, o que impulsiona o desenvolvimento cultural das crianças.

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Biografia do Autor

Jacqueline da Silva Gonçalves, Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Belo Horizonte (MG), Brasil

Doutoranda em Educação pela UFMG (2020-2024). Mestrado em Educação (2011) e graduação em Pedagogia (2001) pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Atua como Professora Assistente da Faculdade de Educação da UEMG. Atualmente integra o grupo de pesquisa: GEPSA e ENLACEI/ UFMG. Consultoria Educacional em Instituições de Educação Infantil sobre os seguintes temas: currículo, avaliação, planejamento e elaboração de projetos políticos pedagógicos

Elenice de Brito Teixeira Silva, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Guanambi (BA), Brasil

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Linha de pesquisa: Infância e Educação Infantil. Professora assistente na UNEB, Departamento de Educação, Campus XII - Guanambi, Bahia. Coordenadora do Observatório da Infância e Educação Infantil da UNEB e membro do EnLACEI - Grupo de Estudos em Cultura, Educação e Infância - FAE/UFMG.

Vanessa Ferraz de Almeida Neves, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte (MG), Brasil

Professora Associada da Faculdade de Educação - UFMG. Vice-diretora da Faculdade de Educação (2022-2026). Foi Vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social na mesma instituição (2019-2021). Foi Editora Adjunta da Educação em Revista (2013-2018). Coordenadora do Grupo Estudos em Cultura, Educação e Infância (EnlaCEI/FaE/UFMG - https://enlacei.com.br/) e membro do Grupo de Pesquisas e Estudos em Psicologia histórico-cultural na Sala de Aula (GEPSA/FaE/UFMG) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Infância e Educação Infantil (NEPEI/FaE/UFMG).

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Publicado

20-10-2023

Como Citar

Gonçalves, J. da S. ., Silva, E. de B. T., & Neves, V. F. de A. . (2023). “Não é uma caixa!”: Transformações dos sentidos atribuídos a uma caixa de papelão. Cadernos De Pesquisa, 53, e09934. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/9934

Edição

Seção

Educação Básica, Cultura, Currículo