Etnografia com crianças em tempos de pandemia: uma reflexão ético-metodológica

Autores

Palavras-chave:

Etnografia, Crianças, Pandemia, Desenhos

Resumo

Este artigo trata dos aspectos ético-metodológicos de uma pesquisa realizada em 2020, que investigou as representações de crianças maranhenses da covid-19. Busca-se problematizar a produção de uma etnografia a distância, tomando os pais das crianças como mediadores e fazendo uso das tecnologias digitais para ter acesso às crianças e às suas narrativas, por meio de pequenas entrevistas e áudios, além da elaboração de desenhos. Cumprindo as regras de distanciamento social, sem poder fazer uso da observação direta, problematiza-se o processo da obtenção das informações até a sua transformação em dados, por meio de sistematização e análise.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Emilene Leite de Sousa, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Imperatriz (MA), Brasil

Professora da Universidade Federal do Maranhão. Professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia/PPGS/UFMA e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/PPGCSOC/UFMA. Doutora em Antropologia Social pelo PPGAS/UFSC. Fez Estágio Pós-doutoral junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia/PPGA-UFPB em 2016 com Bolsa FAPEMA. Possui Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande (2001) e Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba (2004).

Referências

Alderson, P. (2005). As crianças como pesquisadoras: Os efeitos dos direitos de participação sobre a metodologia de pesquisa. Educação & Sociedade, 26(91), 419-442.

Barbosa, M. C. S. (2014). A ética na pesquisa etnográfica com crianças: Primeiras problematizações. Práxis Educativa, 9(1), 235-245.

Bateson, G., & Mead, M. (1942). Balinese character: A photography analisys. New York Academy of Sciences.

Berreman, G. (1998). Etnografia e controle de impressões numa aldeia dos Himalaia. In A. Z. Guimarães (Org.), Desvendando máscaras sociais (2a ed., pp. 123-174). Francisco Alves.

Clifford, J. (1995). Dilemas de la cultura: Antropología, literatura y arte en la perspectiva posmoderna. Gedisa.

Clifford, J. (2002). A experiência etnográfica: Antropologia e literatura no século XX. Editora da UFRJ.

Código de Nuremberg. (1947). https://www.ghc.com.br/files/CODIGO%20DE%20NEURENBERG.pdf

Cohn, C. (2006). O desenho das crianças e o antropólogo: Reflexões a partir das crianças Mebengokré-Xikrin. Anais da Reunião Brasileira de Antropologia. Goiânia, Brasil, 25.

Cohn, C. (2008). A tradução de cultura pelos Mebengokré-Xikrin da perspectiva de suas crianças. Anais da Reunião Brasileira de Antropologia. Belém, Brasil, 27.

Cunha, S. M. da. (2017). Pesquisa com crianças: Implicações teóricas, éticas e metodológicas. Anais do Congresso Ibero-Americano de Investigação Qualitativa de Ciências Sociais. Salamanca, Espanha, 6.

DaMatta, R. (1978). O ofício do etnólogo ou como ter “Anthropological Blues”. In E. de O. Nunes (Org.), A aventura sociológica: Objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa social (pp. 23-35). Zahar.

Declaração de Helsinque. (1964). https://www.ufrgs.br/bioetica/helsin1.htm

Delalande, J. (2001). La cour de récréation: Contribution à une anthropologie de l’enfance (Collection Le Sens Social). Presses Universitaires de Rennes.

Evans-Pritchard, E. E. (1972). Trabalho de campo e tradição empírica. In Antropologia social (pp. 104-136). Edições 70.

Faria, A. L. G., Demartini, Z. B. F., & Prado, P. D. (Orgs.). (2005). Por uma cultura da infância: Metodologia de pesquisa com crianças. Autores Associados.

Favret-Saada, J. (2005). “Ser afetado”. Cadernos de Campo, 13(13), 155-161.

Ferreira, N. G. de B. (2020). Maternidade e crianças encarceradas: Etnografando o dia de domingo do Presídio Maria Júlia Maranhão (João Pessoa-PB) [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-Graduação em Antropologia.

Fonseca, C. (2010). O anonimato e o texto etnográfico: Dilemas éticos e políticos da etnografia “em casa”. In P. Schuch, M. S. Vieira, & R. Peters (Orgs.), Ética e regulamentação na pesquisa antropológica (pp. 205-226). Letras Livres/UnB.

Francisco, D. J., & Bittencourt, I. (2014). Ética em pesquisa com crianças: Problematizações sobre termo de assentimento. Anais do Simpósio Luso-Brasileiro em estudos da Criança – Pesquisa com crianças: Desafios éticos e metodológicos. Porto Alegre, Brasil, 2.

Geertz, C. (1989). A interpretação das culturas. Editora Aplicada.

Geertz, C. (2005). Estar lá: A antropologia no cenário da escrita. In Obras e vidas: O antropólogo como autor (pp. 11-39). Editora da UFRJ.

Gobbi, M. (2012). Desenhos e fotografias: Marcas sociais de infâncias. Educar em Revista, (43), 135-147. http://www.scielo.br/pdf/er/n43/n43a10.pdf

Guber, R. (2005). El salvaje metropolitano: Reconstrucción del conocimiento social en el trabajo de campo. Paidós.

James, A., Jenks, C., & Prout, A. (1998). Theorising childhood. Polity Press.

Kramer, S., & Leite, M. I. (Orgs.). (1996). Infância: Fios e desafios da pesquisa (Prática Pedagógica, 3a ed.). Papirus.

Magnani, J. G. C. (2002). De perto e de dentro: Notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 17(49), 11-29.

Malinowski, B. (1984). Argonautas do Pacífico Ocidental (Os Pensadores). Abril Cultural.

Mead, M. (1963). Growing up in New Guinea. Penguin Books.

Mead, M. (1985). Educación y cultura en Nueva Guinea. Paidós Studio.

Mèredieu, F. de. (2017). O desenho infantil (14a ed.). Cultrix.

Mueller, B. (2019). “Tiro de bola”: Uma etnografia de crianças, emoções e conflitos no Brasil e no México [Tese de Doutorado]. Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-Graduação em Antropologia.

Müller, F., & Dutra, C. P. R. (2018). Percursos urbanos: (Im)possibilidades de crianças em Brasília e Florianópolis. Educação em Foco, 23(3), 799-818. https://periodicos.ufjf.br/index.php/edufoco/article/view/20103

Oliveira, L. R. C. de. (2004). Pesquisa em versus pesquisa com seres humanos. In C. Victora, R. G. Oliven, M. E. Maciel, & A. P. Oro (Orgs.), Antropologia e ética: O debate atual no Brasil (pp. 2-16). Editora da UFF.

Oliveira, R. C. de. (1998). O trabalho do antropólogo. Unesp; Paralelo 15.

Pires, F. (2007). Ser adulta e pesquisar crianças: Explorando possibilidades metodológicas na pesquisa antropológica. Revista de Antropologia, 50(1), 225-270. http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0034-77012007000100006

Pires, F. (2009). Quem tem medo de mal-assombro? Etnográfica, 13(2), 291-312. https://journals.openedition.org/etnografica/

Regitano, A. de P. & Toren, C. (2019). How we become who we are. Interview with Christina Toren. PROA – Revista de Antropologia e Arte, 9(1), 295-304. https://ojs.ifch.unicamp.br/index.php/proa/article/view/3594

Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. (1996). Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996.html

Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. (2012). Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf

Sahlins, M. (1997). O “pessimismo sentimental” e a experiência etnográfica: Por que a cultura não é um “objeto” em via de extinção (Parte I). Revista Mana, 3(1), 41-73.

Sahlins, M. (2003). Cultura e razão prática. Jorge Zahar.

Sarmento, M. J. (2011). Conhecer a infância: Os desenhos das crianças como produções simbólicas. In A. J. Martins Filho, & P. D. Prado (Orgs.), Das pesquisas com crianças à complexidade da infância. Autores Associados.

Sousa, E. L. de. (2015). As crianças e a etnografia: Criatividade e imaginação na pesquisa de campo com crianças. Iluminuras, 16(38), 140-164. https://doi.org/10.22456/1984-1191.57434

Sousa, E. L. de. (2017a). De passagem: Uma análise do fenômeno “os Meninos do Trem” da Estrada de Ferro Carajás. Relatório Final de Projeto de Pesquisa apresentado à Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Maranhão/Fapema, 65p.

Sousa, E. L. de. (2017b). Umbigos enterrados: Corpo, pessoa e identidade Capuxu através da infância (Coleção Brasil Plural/Instituto Brasil Plural). Edufsc.

Sousa, E. L. de. (2019). As crianças e as linhas de transmissão em São Luís: Perspectivas metodológicas de uma pesquisa sobre representações infantis. Revista Mediações, 24(2), 307-335. http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/35291/pdf

Sousa, E. L. de, & Pires, F. F. (2020). “Vai entrar no livro?”: A participação das crianças das pesquisas de campo aos textos etnográficos. Humanidades & Inovação, 7(28), 141-158. https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/2077

Sousa, E. L. de, & Pires, F. F. (2021). “Entendeu ou quer que eu desenhe?”: Os desenhos na pesquisa com crianças e sua inserção nos textos antropológicos. Horizontes Antropológicos, 27(60), 61-93. https://doi.org/10.1590/S0104-71832021000200003

Tassinari, A. M. I. (2015). Produzindo corpos ativos: A aprendizagem de crianças indígenas e agricultoras através da participação nas atividades produtivas familiares. Horizontes Antropológicos, 21(44), 141-172. https://www.scielo.br/j/ha/a/BpSTPLnKQSXmt3jJWt8LskB/?lang=pt&format=pdf

Tassinari, A. M. I. (2016). “A casa de farinha é a nossa escola”: Aprendizagem e cognição Galibi-Marworno. Revista de Ciências Sociais Política & Trabalho, 32(43), 65-96. https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/24748

Toren, C. (1993). Making history: The significance of childhood cognition for a comparative anthropology of mind. Man, 28(3), 461-478.

Wagner, R. (2010). A invenção da cultura. Cosac Naify.

Publicado

17-08-2022

Como Citar

Sousa, E. L. de. (2022). Etnografia com crianças em tempos de pandemia: uma reflexão ético-metodológica. Cadernos De Pesquisa, 52, e09122. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/9122

Edição

Seção

Teorias, Métodos, Pesquisa Educacional