(As)simetrias de género: sucessos e barreiras em discursos profissionais
Palavras-chave:
Relações de género, Diferença de sexo, Sucesso, Desigualdade socialResumo
As escolhas profissionais e oportunidades de vida são influenciadas pelo género criando expectativas sociais distintas. O mesmo acontece frente às visões de sucesso, reforçando assimetrias sociais e profissionais entre mulheres e homens. Para compreender como as conceções de género se traduzem nas perceções de sucesso profissional, conduzimos nove entrevistas a residentes e trabalhadoras/es em Portugal. Os discursos extraídos por análise temática organizam-se em três temas interligados pelo conceito de assimetrias de género. Conclui-se que as práticas discursivas veiculam inflexibilidade nas construções do género que penalizam o desenvolvimento da carreira da mulher pela sobrecarga das responsabilidades domésticas e pela desvalorização da feminilidade em percursos profissionais.
Downloads
Referências
Abele, A. E., & Spurk, D. (2009). The longitudinal impact of self-efficacy and career goals on objetive and subjective success. Journal of Vocational Behavior, 74, 53-62. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2008.10.005
Amâncio, L. (2003). O género no discurso das ciências sociais. Análise Social, 38(168), 687-714.
Amâncio, L. (2017). Assimetria simbólica: Breve história de um conceito. In J. M. Oliveira, & L. Amâncio (Orgs.), Género e sexualidades: Interseções e tangentes (pp. 17-36). Centro de Investigação e de Intervenção Social (CIS IUL). https://gensexinter.tumblr.com/
Arthur, M. B., Khapova, S. N., & Wilderom, C. P. M. (2005). Career success in a boundaryless career world. Journal of Organizational Behavior, 26, 177-202. https://doi.org/10.1002/job.290
Bandura, A. (1986). Social foundations of thought and action: A social cognitive theory. Prentice Hall.
Bandura, A. (2006). Toward a psychology of human agency. Perspectives on Psychological Science, 1, 164-180. https://doi.org/10.1111/j.1745-6916.2006.00011.x
Barberá, E. H. (2004). Perspectiva socio-cognitiva: Estereótipos y esquemas de género. In E. Barberá, & I. M. Benlloch (Coords.), Psicología y género (pp. 55-80). Pearson Educación, S. A.
Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3, 77-101. http://dx.doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
Braun, V., & Clarke, V. (2013). Successful qualitative research: A practical guide for beginners. Sage.
Burr, V. (1995). An introduction to social constructionism. Routledge.
César, F., Oliveira, A., & Fontaine, A. (2018). Modelos sociais de maternidade difundidos em páginas e grupos do Facebook em Portugal. Análise Psicológica, 36(1), 47-59. http://dx.doi.org/10.14417/ap.1333
Coimbra, S., & Fontaine, A. M. (2010). Será que sou capaz?: Estudo diferencial de auto-eficácia com alunos do nono ano. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 11(1), 5-22.
Cornelius, N., & Skinner, D. (2008). The careers of senior men and women – A capabilities theory perspective. British Journal of Management, 19, 141-149. https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2008.00579.x
Costa, A., & Faria, L. (2015). The impact of emotional intelligence on academic achievement: A longitudinal study in Portuguese. Learning and Individual Differences, 37, 38-47. https://doi.org/10.1016/j.lindif.2014.11.011
Costa, L. V. (2010). A relação entre a percepção de sucesso na carreira e o comprometimento organizacional: Um estudo entre professores de universidades privadas selecionadas da Grande São Paulo [Tese de doutorado]. Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Delgado, A., Saletti-Cuesta L., López-Fernández, L. A., Toro-Cárdenas, S., & Castillo L. J. D. (2014). Professional success and gender in family medicine: Design of scales and examination of gender differences in subjective and objective success among family physicians. Evaluation & Health Professions, 39(1), 87-99. https://doi.org/10.1177/0163278714543686
Dyke, L. S., & Murphy, S. A. (2006). How we define success: A qualitative study of what matters most to women and men. Sex Roles, 55, 357-371.
Eagly, H., & Crowley, M. (1986). Gender and helping behavior: A meta-analytic review of social psychology literature. Psychological Bulletin, 100, 283-308. https://doi.org/10.1037/0033-2909.100.3.283
Eagly, H., & Karau, S. J. (2002). Role congruity theory of prejudice toward female leaders. Psychological Review, 109(3), 573-598. https://doi.org/10.1037/0033-295X.109.3.573
Emslie, C., & Hunt, K. (2009). "Live to work" or "work to live"? A qualitative study of gender and work-life balance among men and women in mid-life. Gender, Work and Organization, 16(1), 151-172. https://doi.org/10.1111/j.1468-0432.2008.00434.x
Ferreira, S. I., Saavedra, L., Taveira, M. C., & Araújo, A. M. (2013). Escolhas e planeamento de carreira: A tirania dos discursos tradicionais. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 14(2), 165-175.
Figueiredo, M. C., & Botelho, M. C. (2013). Decomposition of the gender wage gap in Portugal, 1998-2007: The evidence of gender discrimination. Portuguese Journal of Social Science, 12(3), 287-315. https://doi.org/10.1386/pjss.12.3.287_1
Fontanella, B. J., Ricas, J., & Turato, E. R. (2008). Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: Contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, 24(1), 17-27. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2008000100003
França, T. (2012). Women and labor market: Work family conflict and career self-management. Revista Pensamento & Realidade, 27(4), 51-70.
García-Retamero, R., & López-Zafra, E. (2006). Congruencia de rol de género y liderazgo: El papel de las atribuciones causales sobre el éxito y el fracasso. Revista Latinoamericana de Psicología, 38(2), 245-257.
Gaunt, R. (2013). Breadwinning moms, caregiving dads: Double standard in social judgments of gender norm violators. Journal of Family Issues, 24(1) 3-24. https://doi.org/10.1177/0192513X12438686
Heilman, M. E., & Eagly, A. H. (2008). Gender stereotypes are alive, well, and busy producing workplace discrimination. Industrial and Organizational Psychology, 1, 393-398. https://doi.org/10.1111/j.1754-9434.2008.00072.x
Hernández, O. M. (2006). Adolescentes y representaciones de género sobre la familia y sus membros en Ciudad Victoria Tamaulipas. Revista Internacional de Ciencias Sociales y Humanidades, 16(2), 9-30.
Judge, T. A., Cable, D. M., Boudreau, J. W., & Bretz Jr, R. D. (1995). An empirical investigation of the predictors of executive career success. Personnel Psychology, 48(3), 485-519. https://doi.
org/10.1111/j.17446570.1995.tb01767.x
Lee, M. D., Lirio, P., Karakas, F., MacDermid, S. M., Buck, M. L., & Kossek, E. E. (2006). Exploring career and personal outcomes and the meaning of career success among part-time professionals in organizations. In R. J. Burke (Ed.), Research companion to work hours and work addiction (pp. 284-309). Edward Elgar.
Lent, R. W., & Brown, S. D. (1996). Social cognitive approach to career development: An overview. The Career Development Quarterly, 44, 310-321. https://doi.org/10.1002/j.2161-0045.1996.tb00448.x
Lent, R. W., & Brown, S. D. (2013). Social cognitive model of career self-management: Toward a unifying view of adaptive career behavior across the life span. Journal of Counseling Psychology, 60(4), 557-568. https://doi.org/10.1037/a0033446
Lent, R. W., Brown, S. D., & Hackett, G. (1994). Toward a unifying social cognitive theory of career and academic interest, choice, and performance [Monograph]. Journal of Vocational Behavior, 45, 79-122. https://doi.org/10.1006/jvbe.1994.1027
Lent, R. W., Brown, S. D., & Hackett, G. (2000). Contextual supports and barriers to career choice: A social cognitive analysis. Journal of Counseling Psychology, 47(1), 36-49. https://doi.org/10.1037/0022-0167.47.1.36
Lorber, J. (1994). "Night to his day": The social construction of gender. In J. Lorber (Ed.), Paradoxes or gender (pp. 13-36). Yale University Press.
Machado, P., Veríssimo, M., Torres, N., Peceguina, I., Santos, A. J., & Rolão, T. (2008). Relações entre o conhecimento das emoções, as competências académicas, as competências sociais e a aceitação entre pares. Análise Psicológica, 26(3), 463-478.
Magalhães, S. I. (2011). Como ser uma Ragazza. Discursos de sexualidade numa revista para raparigas adolescentes [Tese de doutorado em Psicologia]. Escola de Psicologia da Universidade do Minho, Braga, Portugal.
Matias, M., Andrade, C., & Fontaine, A. M. (2011). Diferenças de género no conflito trabalho-família: Um estudo com famílias portuguesas de duplo-emprego com filhos em idade pré-escolar. Psicologia, 25(1), 9-32.
Nentwich, J. C. (2008). New fathers and mothers as gender troublemakers? Exploring discursive constructions of heterosexual parenthood and their subversive potential. Feminism & Psychology, 18(2), 207-230. https://doi.org/10.1177/0959353507088591
Ngo, H. Y., Foley, S., Ji, M. S., & Loi, R. (2014). Linking gender role orientation to subjective career success: The mediating role of psychological capital. Journal of Career Assessment, 22(2), 290-303. https://doi.org/10.1177/1069072713493984
Nogueira, C. (2003). “Ter” ou “ fazer” o género: O dilema das opções epistemológicas em psicologia social. Comunicação apresentada no XII Encontro Nacional da ABRAPSO sobre estratégias de intervenção – a Psicologia social, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.
Nogueira, C. (2004). As mulheres em posição de poder: Razões para uma cidadania activa. A Comuna: Feminismo e Marxismo, 4, 16-23.
Nogueira, C. (2006). Os discursos das mulheres em posições de poder. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 9(2), 57-72.
Nogueira, C., Neves, S., & Barbosa, C. (2005). Fundamentos construcionistas sociais e críticos para o estudo do género. Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, 2, 1-15.
Nogueira, C., & Saavedra, L. (2007). Estereótipos de género: Conhecer para os transformar. Cadernos SACAUSEF, 3, 10-30.
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). (2017). The pursuit of gender equality: An uphill battle. OECD Publishing. http://dx.doi.org/10.1787/9789264281318-en
Perista, H. (2002). Género e trabalho não pago: Os tempos das mulheres e os tempos dos homens. Análise Social, 37(163), 447-474.
Ramaci, T., Pellerone, M., Ledda, C., Presti, G., Squatrito, V., & Rapisarda, V. (2017). Gender stereotypes in occupational choice: A cross-sectional study on a group of Italian adolescents. Psychology Research and Behavior Management, 10, 109-117. https://doi.org/10.2147/PRBM.S134132
Santos, J. A. (2007). Igualdade de género em alcance: Considerações para o estabelecimento de novas relações sociais. Revista Eletrônica de Ciências Sociais, 1, 113-129. https://periodicos.ufjf.br/index.php/csonline/article/view/17034
Schnurr, S., Zayts, O., Schroeder, A., & Le Coyte-Hopkins, C. (2020). "It's not acceptable for the husband to stay at home": Taking a discourse analytical approach to capture the gendering of work. Gender, Work and Organization, 27, 414-434. https://doi.org/10.1111/gwao.12408
Sturges, J. (2008). All in a day’s work? Carreer self-management and the management of the boundary between work and non-work. Human Resource Management Journal, 18(2), 118-134. https://doi.org/10.1111/j.1748-8583.2007.00054.x
Sunderland, J. (2000). Baby entertainer, bumbling assistant and line manager: Discourses of fatherhood in parentcraft texts. Discourse & Society, 11(2), 249-74. https://doi.org/10.1177/0957926500011002006
Swanson, J. L., & Woitke, M. B. (1997). Theory into practice in career assessment for women: Assessment and interventions regarding perceived career barriers. Journal of Career Assessment, 5(4), 443-462. https://doi.org/10.1177/106907279700500405
Turner, D. W. (2010). Qualitative interview design: A practical guide for novice investigators. The Qualitative Report, 15(3), 754-760. https://nsuworks.nova.edu/tqr/vol15/iss3/19
West, C., & Zimmerman, D. H. (1987). Doing gender. Gender & Society, 1(2), 125-51.
Willig, C. (2010). Introducing qualitative research in psychology. Tata McGraw-Hill.
Wirth, L. (2001). Breaking through the glass ceiling: Women in management. International Labour Office.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Cadernos de Pesquisa
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).