Mérito ou berço? Origem social e desempenho no acesso ao ensino superior

Autores

Palavras-chave:

Rendimento Escolar , Meritocracia, Nível Socioeconômico , Reprodução Social

Resumo

Este trabalho discute a interação entre origem social e desempenho escolar nas probabilidades de acesso ao ensino superior no Brasil. Os dados derivam de um painel de egressos do ensino médio em 2012 acompanhados por cinco anos após a conclusão da educação básica, com base em cruzamentos de dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Observou-se que, para o acesso ao setor público, o desempenho é o preditor mais importante, independentemente do nível socioeconômico do candidato, reforçando uma dimensão de mérito no acesso. O mesmo não se pode dizer em relação ao setor privado, que, além de apresentar forte hiato socioeconômico, permite que os estratos sociais mais privilegiados tenham elevadas chances de acessá-lo, ainda que apresentem os piores desempenhos escolares.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adriano S. Senkevics, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Brasília (DF), Brasil

Pesquisador do Inep, mestre e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP).

Flavio Carvalhaes, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Professor do Departamento de Sociologia da UFRJ e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre a Desigualdade (NIED) na mesma instituição.

Carlos A. C. Ribeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Professor titular de sociologia do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da UERJ.

Referências

Alves, M. T., Nogueira, M. A., Nogueira, C. M., & Resende, T. F. (2013). Fatores familiares e desempenho escolar: Uma abordagem multidimensional. Dados, 56(3), 571-603.

Bernardi, F., & Triventi, M. (2020). Compensatory advantage in educational transitions: Trivial or substantial? A simulated scenario analysis. Acta Sociologica, 63(1), 40-62.

Boudon, R. (1981). A desigualdade das oportunidades: A mobilidade social nas sociedades industriais. Editora Universidade de Brasília.

Bourdieu, P. (2015). A escola conservadora: As desigualdades frente à escola e à cultura. In M. A. Nogueira, & A. M. Catani (Eds.), Pierre Bourdieu: Escritos de educação (16a ed., pp. 43-70). Vozes.

Bowles, S., & Gintis, H. (1976). Schooling in capitalist America: Educational reform and the contradictions of economic life. Basic Books.

Breen, R., Van de Werfhorst, H. G., & Jaeger, M. M. (2014). Deciding under doubt: A theory of risk aversion, time discounting preferences, and educational decision-making. European Sociological Review, 30(2), 258-270.

Brint, S., & Karabel, J. (1989). The diverted dream: Community colleges and the promise of educational opportunity in America, 1900-1985. Oxford University Press.

Brito, M. M. (2014). A dependência na origem: Desigualdades no sistema educacional brasileiro e a estruturação social das oportunidades [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo].

Broer, M., Bai, Y., & Fonseca, F. (2019). A review of the literature on socioeconomic status and educational achievement. In M. Broer, Y. Bai, & F. Fonseca (Eds.), Socioeconomic inequality and educational outcomes: Evidence from twenty years of TIMSS (pp. 7-17). Springer International Publishing.

Brooke, N., & Soares, J. F. (Eds.). (2008). Pesquisa em eficácia escolar: Origem e trajetórias. Editora UFMG.

Cameron, S. V., & Heckman, J. J. (1998). Life cycle schooling and dynamic selection bias: Models and evidence for five cohorts of American males. Journal of Political Economy, 106(2), 262-333.

Caseiro, L. C. (2016). Desigualdade de acesso à educação superior no Brasil e o Plano Nacional de Educação. PNE em Movimento, 3, 1-36.

Collares, A. C. (2010). Educational inequalities and the expansion of postsecondary education in Brazil, from 1982 to 2006 [Doctoral dissertation, University of Wisconsin-Madison].

DiPrete, T. A., & Eirich, G. M. (2006). Cumulative advantage as a mechanism for inequality: A review of theoretical and empirical developments. Annual Review of Sociology, 32(1), 271-297.

Guimarães, N. A., Brito, M. M., & Comin, A. A. (2020). Trajetórias e transições entre jovens brasileiros: Pode a expansão eludir as desigualdades? Novos Estudos Cebrap, 39(3), 475-498.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). (2013). Microdados restritos do Censo da Educação Básica 2012. Inep.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). (2013-2016). Microdados restritos do Exame Nacional do Ensino Médio 2012-2016. Inep.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). (2014-2018). Microdados restritos do Censo da Educação Superior 2013-2017. Inep.

Jackson, M. (2013). How is inequality of educational opportunity generated? The case for primary and secondary effects. In M. Jackson (Ed.), Determined to succeed? Performance versus choice in educational attainment (pp. 1-33). Stanford University Press.

Jackson, M., & Jonsson, J. O. (2013). Why does inequality of educational opportunity vary across countries? Primary and secondary effects in comparative context. In M. Jackson (Ed.), Determined to succeed? Performance versus choice in educational attainment (pp. 306-337). Stanford University Press.

Jackson, M., Khavenson, T., & Chirkina, T. (2020). Raising the stakes: Inequality and testing in the Russian education system. Social Forces, 98(4), 1613-1635.

Jardim, F. A., & Almeida, W. M. (2016). Expansão recente do ensino superior brasileiro: (Novos) elos entre educação, juventudes, trabalho? Linhas Críticas, 22(47), 63-85.

Karlson, K. B., & Holm, A. (2011). Decomposing primary and secondary effects: A new decomposition method. Research in Social Stratification and Mobility, 29(2), 221-237.

Long, J. S., & Freese, J. (2014). Regression models for categorical dependent variables using Stata (3a ed.). Stata Press.

Machado, C., & Szerman, C. (2021). Centralized college admissions and student composition. Economics of Education Review, 85, 1-54.

Mare, R. D. (1980). Social background and school continuation decisions. Journal of the American Statistical Association, 75(370), 295-305.

Marteleto, L., Marschner, M., & Carvalhaes, F. (2016). Educational stratification after a decade of reforms on higher education access in Brazil. Research in Social Stratification and Mobility, 46, 99-111.

Mello, U. M. (no prelo). Affirmative action, centralized admissions and access of low-income students to higher education. American Economic Journal.

Mize, T. (2019). Best practices for estimating, interpreting, and presenting nonlinear interaction effects. Sociological Science, 6(4), 81-117.

Mont’Alvão, A. (2014). Tendências das desigualdades de acesso ao ensino superior no Brasil: 1982-2010. Educação & Sociedade, 35(127), 417-441.

Mont’Alvão, A. (2015). Diferenciação institucional e desigualdades no ensino superior. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 30(88), 129-143.

Morgan, S. L. (2012). Models of college entry in the United States and the challenges of estimating primary and secondary effects. Sociological Methods & Research, 41(1), 17-56.

Nascimento, M. M., Cavalcanti, C., & Ostermann, F. (2020). Sucesso escolar em contextos populares: Uma análise a partir do Enem. Estudos em Avaliação Educacional, 31(76), 134-163.

Nogueira, M. A. (2021). O capital cultural e a produção das desigualdades escolares contemporâneas. Cadernos de Pesquisa, 51, e07468. https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/7468

Parsons, T. (1970). Equality and inequality in modern society, or social stratification revisited. Sociological Inquiry, 40(2), 13-72.

Ribeiro, C. C., & Carvalhaes, F. (2020). Estratificação e mobilidade social no Brasil: uma revisão da literatura na sociologia de 2000 a 2018. BIB – Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, (92), 1-46.

Salata, A. (2018). Ensino superior no Brasil das últimas décadas: Redução nas desigualdades de acesso? Tempo Social, 30(2), 219-253.

Santos, C. T., Lima, R. G., & Carvalhaes, F. (2020). O perfil institucional do sistema de ensino superior brasileiro após décadas de expansão. In M. L. Barbosa (Org.), A expansão desigual do ensino superior no Brasil (pp. 27-56). Appris.

Senkevics, A. S. (2021a). A expansão recente do ensino superior: Cinco tendências de 1991 a 2020. In G. H. Moraes, & A. E. Albuquerque (Eds.), Cenários do direito à educação (vol. 3, pp. 199-246). Inep.

Senkevics, A. S. (2021b). O acesso, ao inverso: Desigualdades à sombra da expansão do ensino superior brasileiro, 1991-2020 [Tese de doutorado]. Universidade de São Paulo.

Shavit, Y., Yaish, M., & Bar-Haim, E. (2007). The persistence of persistent inequality. In S. Scherer, R. Pollak, G. Otte, & M. Gangl (Eds.), From origin to destination: Trends and mechanisms in social stratification research (pp. 37-57). Campus Verlag.

Souza, P. F. (2018). Uma história de desigualdade: A concentração de renda entre os ricos no Brasil, 1926-2013. Hucitec.

Treiman, D. J. (1970). Industrialization and social stratification. Sociological Inquiry, 40(2), 207-234.

Downloads

Publicado

10-08-2022

Como Citar

Senkevics, A. S., Carvalhaes, F., & Ribeiro, C. A. C. . (2022). Mérito ou berço? Origem social e desempenho no acesso ao ensino superior. Cadernos De Pesquisa, 52, e09528. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/9528

Edição

Seção

Educação Superior, Profissões, Trabalho

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)