Psicogênese da língua escrita: uma análise necessária

Autores

Palavras-chave:

Linguagem, Leitura, Escrita, Construtivismo

Resumo

Em Psicogênese da Língua Escrita, Ferreiro e Teberosky relatam uma pesquisa sobre o desenvolvimento da leitura-escrita. A estrutura teórico-metodológica é fornecida pelo construtivismo de Piaget: a criança ativa constrói seu conhecimento na interação com o meio – neste caso a língua escrita – e se desenvolve ao longo de estágios. De Chomsky, as autoras emprestam a ideia de um dispositivo inato para a aquisição da linguagem, generalizando-a para a aquisição da leitura, que seria aprendida tão naturalmente quanto a fala. Um terceiro marco interpretativo é a abordagem Whole Language, cujo foco principal da leitura deve ser a busca pelo significado. Apresentam-se uma análise de contradições internas do texto e uma confrontação deste com parte da literatura referenciada na própria obra.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Estevão Andrade, Department of Psychology, Goldsmith University of London, Londres, Reino Unido

Pesquisador em neurociência cognitiva, é também violonista, guitarrista, compositor e arranjador e um dos fundadores da banda paulistana Língua de Trapo. Membro do Grupo Santana Gomes de Estudos Musicológicos no Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB -I). Professor de musicalização no ensino fundamental durante 14 anos desenvolveu uma pedagogia musical baseada em evidência. Pesquisador do Grupo de Pesquisa do CNPq: Neurociências e Comportamento: Memória, Plasticidade, Envelhecimento e Qualidade de Vida, da Faculdade de Filosofia e Ciências - UNESP - Campus de Marília. Pesquisador do Grupo de Pesquisa do CNPq: Linguagem, Aprendizagem, Escolaridade, da Faculdade de Filosofia e Ciências - UNESP - Campus de Marília. Pesquisador do Grupo de Pesquisa do CNPq: Análise do Comportamento e Ensino-Aprendizagem da Matemática - ACEAM do Centro de Educação e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Carlos UFSCAR. Desenvolve estudos sobre a cognição musical e suas bases neurobiológicas, bem como as relações do processamento musical com outros domínios cognitivos e suas implicações para a educação, transtornos de aprendizagem e a musicoterapia.

Olga Valéria Campana dos Anjos Andrade, Departamento de Estudos Pedagógicos, Colégio Criativo, Marília, São Paulo, Brasil

Graduada em Educação Artística pela Universidade Estadual de Londrina (1987), pós-graduação 'lato sensu' em nível de especialização em psicopedagogia pelo Instituto Brasileiro de Pós-graduação e Extensão de Curitiba-PR (2001). Mestrado em Educação, Neuropsicolinguistica e Dificuldades de Aprendizagem pela Universidade Estadual de São Paulo, UNESP/Maríia (2010). Membro do Grupo de Pesquisa do CNPq Linguagem, Aprendizagem, Escolaridade. Membro do Laboratório de Investigação dos Desvios da Aprendizagem (LIDA). Atuou na educação infantil e ensino fundamental há 27 anos, 14 anos como coordenadora pedagógica do 2o ao 5o anos- EF do Colégio Criativo (Marília- SP). Docente do curso de graduação em Pedagogia na UNIESP (União Nacional das Instituições de Ensino Superior Privadas).

Paulo Sérgio Teixeira Prado, Departamento de Psicologia da Educação, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp –, Marília, São Paulo, Brasil

Pedagogo e mestre em Educação pela UFSCar. Doutor em Psicologia Experimental pela USP, com estágio pós-doutoral em Psicologia pela UFSCar. Vinculado ao Departamento de Psicologia da Educação e ministrando aulas no Curso de Pedagogia da UNESP-Marília desde 1996. Docente e orientador de mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UNESP-Marília de 2007 a 2010. Docente e orientador de mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ensino e Processos Formativos da UNESP (interunidades), em funcionamento a partir de 2016. Interesses principais: habilidades numéricas e leitura.

Referências

ABREU, Monica Dourado de; CARDOSO-MARTINS, Cláudia. Alphabetic access route in beginning reading acquisition in Portuguese: the role of letter-name knowledge. Reading and Writing, v. 10, n. 2, p. 85-104, 1998.

BENTOLILA, Alain; GERMAIN, Bruno. Learning to read: choosing languages and methods. 2005.

UNESCO, 21 Abril 2005. (EFA Global Monitoring Report 2006, Literacy for Life). Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001462/146229e.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2016.

BOWMAN, Margo; TREIMAN, Rebecca. Relating print and speech: the effects of letter names and word position on reading and spelling performance. Journal of Experimental Child Psychology, v. 82, n. 4, p. 305-340, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Programa de formação de professores alfabetizadores: coletânea de textos, módulo 1. Brasília, DF: MEC/SEF, 2003.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2004.

CARDOSO-MARTINS, Cláudia. Existe um estágio silábico no desenvolvimento da escrita em português? Evidência de três estudos longitudinais. In: MALUF, Maria Regina; CARDOSO-MARTINS, Cláudia. Alfabetização no século XXI: como se aprende a ler e a escrever. Porto Alegre: Penso, 2013. p. 82-108.

CARDOSO-MARTINS, Cláudia; BATISTA, Anna Cláudia Eutrópio. O conhecimento do nome das letras e o desenvolvimento da escrita: evidência de crianças falantes do português. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 18, n. 3, p. 330-336, 2005.

CARDOSO-MARTINS, Cláudia; RESENDE, Selmara Mamede; RODRIGUES, Larissa Assunção. Letter name knowledge and the ability to learn to read by processing letter–phoneme relations in words: evidence from Brazilian Portuguese-speaking children. Reading and Writing, v. 15, n. 3, p. 409-432, 2002.

CATTELL, Psyche. The measurement of intelligence of infants and young children. New York: Psychological, 1960.

CHOMSKY, Carol. Reading, writing, and phonology. Harvard Educational Review, v. 40, n. 2, p. 287-309, 1970.

CHOMSKY, Carol. Invented spelling in the open classroom. Word, v. 27, n. 1-3, p. 499-518, 1971.

CHOMSKY, Noam. Syntactic structures. The Hague: Mouton, 1957.

CHOMSKY, Noam. A review of BF Skinner’s Verbal Behavior. Language, v. 35, n. 1, p. 26-58, 1959.

CHOMSKY, Noam; HALLE, Morris. Some controversial questions in phonological theory. Journal of linguistics, v. 1, n. 2, p. 97-138, 1965.

CHOMSKY, Noam; HALLE, Morris. The sound pattern of English. University de Michigan: Harper & Row, l968.

CUTTING, James E.; EIMAS, Peter D. Phonetic feature analyzers and the processing of speech in infants. In: KAVANAGH, J. F.; CUTTING, J. E. (Org.). The role of speech in language. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1975. p. 127-148.

DEFRANCIS, John. Visible speech: the diverse oneness of writing systems. Honolulu: University of Hawaii Press, 1989.

DOMBEY, Henrietta. Revolutionary reading. Journal of curriculum studies, v. 37, n. 2, p. 209-221, 2005.

EHRI, Linnea C. Word consciousness in readers and prereaders. Journal of Educational Psychology, v. 67, n. 2, p. 204, 1975.

EHRI, Linnea C. The development of orthographic images. Cognitive processes in spelling, v. 495, p. 516, 1980.

EHRI, Linnea C. Sources of difficulty in learning to spell and read. Advances in Developmental & Behavioral Pediatrics, Greenwich, v. 7, p. 121-195, 1986.

EHRI, Linnea C. Aquisição da habilidade de leitura de palavras e sua influência na pronúncia e na aprendizagem do vocabulário. In: MALUF, Maria Regina; CARDOSO-MARTINS, Cláudia. Alfabetização no século XXI: como se aprende a ler e a escrever. Porto Alegre: Penso, 2013. p. 49-81.

EHRI, Linnea C.; WILCE, Lee S. The mnemonic value of orthography among beginning readers. Journal of Educational Psychology, v. 71, n. 1, p. 26, 1979.

EHRI, Linnea C.; WILCE, Lee S. Movement into reading: Is the first stage of printed word learning visual or phonetic? Reading Research Quarterly, p. 163-179, 1985.

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.

FOUCAMBERT, Jean. Apprentissage et enseignement. Communication et Langages, v. 32, n. 1, p. 7-17, 1976.

FRITH, Uta. Beneath the surface of developmental dyslexia. Surface Dyslexia, v. 32, p. 301-330, 1985.

GELB, Ignace Jay. A study of writing: the foundations of grammatology. University of Chicago Press, 1963.

GELB, Ignace Jay. Historia de la escritura. Madrid: Alianza, 1976.

GENTRY, J. Richard. An analysis of developmental spelling. GNYS AT WRK. The reading teacher, v. 36, n. 2, p. 192-200, 1982.

GIBSON, Eleanor J. Reading for some purpose. In: KAVANAGH, J. F.; MATTINGLY, I. G. (Org.). Language by ear and by eye: the relationship between speech and reading. Cambridge, MA: MIT Press, 1972. p. 3-19.

GOODMAN, Kenneth S. Reading: a psycholinguistic guessing game. Literacy Research and Instruction, v. 6, n. 4, p. 126-135, 1967.

GOODMAN, Kenneth S. The psycholinguistic nature ofthe reading process. Detroit: Wayne State University, 1968.

GOODMAN, Kenneth S. Psycholinguistic universals in the reading process. Visible Language, v. 4, n. 2, p. 103-110, 1970.

GOODMAN, Kenneth S. What’s Whole in Whole Language?. Portsmouth, NH: Heinemann, 1986.

GROFF, Patrick. The phoneme-to-letter route for phonics instruction. Journal of the Simplified Spelling Society, 25, p. 16-19, 1999. Disponível em: <http://www.spellingsociety.org/journals/j25/foneme.php#blo#blo>. Acesso em: 15 fev. 2009.

HALLE, Morris. Theoretical issues in Phonology in the 1970s. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF PHONETIC SCIENCES, 7., 1972, The Hague. Proceedings… The Hague, 1972.

HENDERSON, Edmund H.; BEERS, James W. Developmental and cognitive aspects of learning to spell: a reflection of word knowledge. Newark, DE: International Reading Association, 1981.

HENDERSON, Edmund H.; TEMPLETON, Shane. A developmental perspective of formal spelling instruction through alphabet, pattern, and meaning. The Elementary School Journal, v. 86, n. 3, p. 305-316, 1986.

HENDERSON, Leslie. Toward a psychology of morphemes. Progress in the Psychology of Language, v. 1, p. 15-72, 1985.

HENDERSON, Leslie. From morph to morphemei. The psychologist gaily trips where the linguist has trodden. In: AUGUST, G. (Org.). International research in graphemies and orthography. Berlin: de Gruyter. 1986.

KAMII, Constance et al. Spelling in kindergarten: a constructivist analysis comparing Spanishspeaking and English-speaking children. Journal of Research in Childhood Education, v. 4, n. 2, p. 91-97, 1990.

KLIMA, E. S. How alphabets might reflect language. In: KAVANAGH, J. F.; MATTINGLY, I. G. (Org.). Language by ear and by eye: the relationship between speech and reading. Cambridge, MA: MIT, 1972. p. 57-80.

KOZLOFF, M. Rhetoric and revolution: Kenneth Goodman’s ‘Psycho-Linguistic Guessing Game’. Direct Instruction News, v. 2, n. 2, p. 34-41, 2002.

LAVINE, Linda. Development of differentiation of letter-like forms in pre-reading children. Child Development, p. 1231-34, 1972.

LAVINE, Linda O. Differentiation of letter-like forms in pre-reading children. Developmental Psychology, v. 13, n. 2, p. 89, 1977.

LIBERMAN, Isabelle Y.; LIBERMAN, Alvin M. Whole language vs. code emphasis: underlying assumptions and their implications for reading instruction. Annals of Dyslexia, v. 40, n. 1, p. 51-76, 1990.

MATTINGLY, Ignatius G. Reading, the linguistic process, and linguistic awareness. In: KAVANAGH, J. F.; MATTINGLY, Ignatius G. (Org.). Language by ear and by eye: the relationship between speech and reading. Cambridge, MA: MIT, 1972. p. 133-147.

MATTINGLY, Ignatius G. Did orthographies evolve? Remedial and Special Education, v. 6, n. 6, p. 18-23, 1985.

MATTINGLY, Ignatius G. Modularity, working memory, and reading disability. In: BRADY, Susan A.; SHANKWEILER, Donald P. (Ed.). Phonological processes in literacy: a tribute to Isabelle Y. Liberman, 1991a. p. 163-171.

MATTINGLY, Ignatius G. Reading and the biological function of linguistic representations. Modularity and the motor theory of speech perception, p. 339-346, 1991b.

MATTINGLY, Ignatius G. Linguistic awareness and orthographic form. Advances in Psychology, v. 94, p. 11-26, 1992.

PESETSKY, David Michael. Zero syntax: experiencers and cascades. Cambridge, MA: MIT, 1996.

PINKER, Steven. How could a child use verb syntax to learn verb semantics? Lingua, v. 92, p. 377-410, 1994.

RAYNER, Keith et al. How psychological science informs the teaching of reading. Psychological Science in the Public Interest, v. 2, n. 2, p. 31-74, 2001.

READ, Charles. Pre-school children’s knowledge of English phonology. Harvard Educational Review, v. 41, n. 1, p. 1-34, 1971.

READ, C. Children’s categorization of speech sounds in English Urbana, IL. National Council of Teachers of English, 1975. (NCTE Report n. 17).

SAMPSON, Geoffrey. Writing systems: a linguistic introduction. California: Stanford University Press, 1985.

SAMPSON, Geoffrey. Probabilistic models of analysis. The Computational Analysis of English, v. 30, p. 41, 1987.

SHANKWEILER, D.; LIBERMAN, I Y. Misreading: a search for causes. In: KAVANAGH, J. F.; MATTINGLY, Ignatius G. (Org.). Language by ear and by eye: the relationship between speech and reading. Cambridge, MA: MIT, 1972. p. 293-317.

SMITH, Frank. Understanding reading. New York: Holt, Rienhart & Winston, 1971.

SMITH, Frank. Psycholinguistics and reading. New York: Holt, Rinehart & Winston, 1973.

SMITH, Frank. Learning to read by reading. Language Arts, v. 53, n. 3, p. 297-322, 1976.

SMITH, Frank. Leitura significativa. Tradução de Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artmed, 1999.

TEMPLETON, Shane; MORRIS, Darrell. Reconceptualizing spelling development and instruction. Reading Online, v. 5, n. 3, p. n3, 2001.

TREIMAN, Rebecca. Beginning to spell: a study of first-grade children. Oxford University Press, 1993.

TREIMAN, Rebecca. Reading. In: ARONOFF, Mark; REES-MILLER, Janie (Org.). Handbook of Linguistics. Oxford, England: Blackwell, 2001. p. 664-672.

TREIMAN, Rebecca. Phonology and spelling. In: TREIMAN, Rebecca. Handbook of children’s literacy. Springer Netherlands, 2004. p. 31-42.

TREIMAN, Rebecca. Knowledge about letters as a foundation for reading and spelling. Handbook of Orthography and Literacy, v. 35, p. 581-599, 2006.

TREIMAN, Rebecca; KESSLER, Brett. The role of letter names in the acquisition of literacy. Advances in Child Development and Behavior, v. 31, p. 105-138, 2003.

TREIMAN, Rebecca; KESSLER, Brett. Writing systems and spelling development. In: SNOWLING, Margaret J.; HULME, Charles (Ed.). The science of reading: A handbook. Blackwell, 2005. p. 120-134.

TREIMAN, Rebecca; KESSLER, Brett; BOURASSA, Derrick. Children’s own names influence their spelling. Applied Psycholinguistics, v. 22, n. 4, p. 555-570, 2001.

TREIMAN, Rebecca; RODRIGUEZ, Kira. Young children use letter names in learning to read words. Psychological Science, v. 10, n. 4, p. 334-338, 1999.

TREIMAN, Rebecca et al. Effects of dialect on American and British children’s spelling. Child Development, v. 68, n. 2, p. 229-245, 1997.

TREIMAN, Rebecca et al. The foundations of literacy: learning the sounds of letters. Child Development, v. 69, n. 6, p. 1524-1540, 1998.

VENEZKY, Richard L. The structure of English orthography. The Hague: Mouton, 1970.

WEIR, R. H.; VENEZKY, Richard L. Spelling-to-sound patterns. In: GOODMAN, KENNETH, S. The psycholinguistic nature of the reading process. Detroit. MI: Wayne State University, 1968. p. 185-200.

Downloads

Publicado

06-12-2017

Como Citar

Andrade, P. E., Andrade, O. V. C. dos A., & Prado, P. S. T. (2017). Psicogênese da língua escrita: uma análise necessária. Cadernos De Pesquisa, 47(166), 1416–1439. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/4361

Edição

Seção

Temas em Debate