A cultura profissional dos grupos de pesquisa nos institutos federais: uma comunidade de práticas?

Autores

  • Vera Lúcia Bueno Fartes Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brasil

Palavras-chave:

Pesquisadores, Produção técnico-científica, Cultura profissional

Resumo

Este artigo explora a cultura profissional dos grupos de pesquisa de um importante Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, localizado na região Nordeste do Brasil, considerando os significados que pesquisadores e demais representantes institucionais dos grupos selecionados atribuem aos saberes, poderes e autonomias em suas interações sociais no processo de produção científica, tecnológica e de inovação e a possível emergência de uma comunidade de práticas na referida instituição. Como resultado, a pesquisa sinalizou para o fato de que, embora haja muitos grupos certificados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq –, são poucos os que desenvolvem, com regularidade, atividades concernentes à prática da pesquisa científica de modo a que se possa configurar uma comunidade reflexiva autônoma, empenhada em pensar sobre si mesma e em suas condições de trabalho e vida acadêmica enquanto pesquisadores e produtores de conhecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vera Lúcia Bueno Fartes, Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brasil

Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brasil

verafartes@uol.com.br

Referências

ALBUQUERQUE, Stella L. Implicações à formação e à identidade pedagógica dos professores da educação profissional: sentidos, políticas e práticas. In: FARTES, Vera Lúcia B. (Org.). Formação, saberes profissionais e profissionalização em múltiplos contextos. Maceió: Edufal; Salvador: Edufba, 2008. p. 43-78.

ANDRÉ, Marli. Grupos de pesquisa: formação ou burocratização? Revista de Educação, PUC-Campinas, n. 23, p. 133-138, 2007.

ARAÚJO, Daniel de Magalhães; TAMANO, Luana Tieko Omena. Institutos Federais lutam para criar cultura institucional de pesquisa e pós-graduação. Revista Ensino Superior, n. 14, jul./set. 2014.

BALL, Stephen J. Profissionalismo, gerencialismo e performatividade. Cadernos de Pesquisa, São

Paulo, v. 35, n. 126, p. 539-564, set./dez. 2005.

BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

BECK, John; YOUNG, Michael F. D. Investida contra as profissões e reestruturação das identidades acadêmicas e profissionais. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 135, p. 587-610, 2008.

BERNSTEIN, Basil. A estruturação do discurso pedagógico: classe, códigos e controle. Petrópolis: Vozes, 1996.

BOURDIEU, Pierre. Compreender. In: BOURDIEU, Pierre (Org.). A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes, 1998.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1982.

BRASIL. Decreto n. 7.566, de 23 de setembro de 1909. Cria nas capitais dos Estados as Escolas de Aprendizes Artífices para o ensino profissional primário e secundário. Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1909, 88º ano da Independência e 21º da República.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1996.

BRASIL. Decreto n. 2.208, de 17 de abril de 1997. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1997.

BRASIL. Decreto n. 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2004.

BRASIL. Decreto n. 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – Proeja, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2006.

BRASIL. Lei n. 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 dez. 2008.

BRASIL. Centro Federal de Educação Tecnológica. Resolução n. 6, de 5 de setembro de 2000. Define as diretrizes para as linhas de pesquisa e cria o Comitê Assessor para Assuntos de Ciência e Tecnologia – CACT, o Fundo de Pesquisa e Desenvolvimento – Fundep e o Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica – PIICT. Brasília: Cefet, 2000.

BRASIL. Instituto Federal da Bahia. Relatório de Gestão e Plano de Metas, 2009/2013.

CARIA, Telmo H. O uso do conceito de cultura na investigação sobre profissões. Análise Social, n. 189, p. 749-773, 2008.

CARIA, Telmo H. Itinerário de aprendizagens sobre a construção teórica do objecto saber. Etnográfica, v. 11, n. 1, p. 215-250, 2007.

CARIA, Telmo H. Os saberes profissionais técnico-intelectuais nas relações entre educação, trabalho e ciência. In: TEODORO, António; TORRES, Carlos Alberto. Educação crítica & utopia: perspectivas emergentes para o século XXI. São Paulo: Cortez, 2006.

CARIA, Telmo H. Trajectória, papel e reflexividade profissionais: análise comparada e contextual do trabalho técnico-intelectual. In: CARIA, Telmo H. (Org.). Saber profissional. Coimbra: Almedina, 2005.

CARIA, Telmo H. O uso do conhecimento: os professores e os outros. Análise Social, n. 164, p. 805-831, 2002.

CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. Ensino médio e educação profissional no Brasil: dualidade e fragmentação. Retratos da Escola, Brasília, v. 5, n. 8, p. 27-41, jan./jun. 2011.

DEWEY, John. Experiência e educação. São Paulo: Nacional, 1976.

DEWEY, John. Como pensamos. 3. ed. São Paulo: Nacional, 1959a.

DEWEY, John. Democracia e educação: introdução à Filosofia da Educação. 3. ed. São Paulo: Nacional, 1959b.

DUBAR, Claude. A socialização: a construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FARTES, Vera Lúcia B. A cultura profissional dos grupos de pesquisa nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia: saberes, poderes e autonomias em uma comunidade de práticas: um estudo etnográfico. 2013. Relatório de pesquisa enviado ao CNPq, mimeografado.

FARTES, Vera Lúcia B. Escola Técnica Federal da Bahia na memória dos anos de 1970: a construção social da qualificação e da identidade operária. In: FARTES, Vera Lúcia B.; MOREIRA, Virlene C. Cem anos de educação profissional no Brasil: história e memória do Instituto Federal da Bahia (1909-2009). Salvador: Edufba, 2009.

FARTES, Vera Lúcia B. Reforma da educação profissional e crise das identidades pedagógicas e institucionais.

Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 38. n. 135, p. 657-684, 2008.

FARTES, Vera Lúcia B. Modernização tecnológica e formação dos coletivos fabris: um estudo a partir da Escola Técnica Federal da Bahia. 1994. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1994.

FARTES, Vera Lúcia B.; GONÇALVES, Maria de Cássia P. B. Um desafio à construção de novos saberes e novas práticas no trabalho docente: a formação de professores para a educação profissional de jovens e adultos. Práxis Educativa, v. 5, n. 1, p. 47-56, 2010.

FARTES, Vera Lúcia B.; MOREIRA, Virlene C. Cem anos de educação profissional no Brasil: história e memória do Instituto Federal da Bahia (1909-2009). Salvador: Edufba, 2009.

FARTES, Vera Lúcia B.; SANTOS, Adriana Paula Q. O. Saberes, identidade e autonomia na cultura docente na educação profissional e tecnológica. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. 143, p. 376-401, maio/ago. 2011.

FERRETTI, Celso João. Formação profissional e reforma do ensino técnico no Brasil: anos 90.

Educação e Sociedade, ano XVIII, n. 59, p. 227-269, ago. 1997.

FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria. A formação do cidadão produtivo: a cultura de mercado no ensino médio técnico. Brasília, DF: Inep, 2006.

FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise (Org.). Ensino médio integrado:

concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2005.

GIDDENS, Anthony. Risco, confiança e reflexividade. In: BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony; LASH, Scott. Modernização reflexiva. São Paulo: Editora da Unesp, 1997.

GOMES, Luiz Claudio G. As escolas de aprendizes artífices e o ensino profissional na Velha

República. Vértices, Rio de Janeiro, ano 5, n. 3, p. 53-59, set./dez. 2003.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 7. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

KNORR-CETINA, Karin. Epistemic communities. Harvard: Harvard Educational, 1999.

KUENZER, Acacia Z. As mudanças no mundo do trabalho e a educação: novos desafios para a gestão. In: FERREIRA, Naura S. C. (Org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 2001. p. 33-57.

KUENZER, Acacia Z. Ensino de 2º grau: o trabalho como princípio educativo. São Paulo: Cortez, 2000.

KUENZER, Acacia Z. A reforma do ensino técnico e suas consequências. In: II SEMINÁRIO SOBRE REFORMA DO ENSINO PROFISSIONAL. Educação profissional: tendências e desafios. Documento final... Curitiba: SindoCefet/PR, 1999.

KUENZER, Acacia Z. Educação e trabalho no Brasil: o estado da questão. Brasília: Inep; Santiago: Reduc, 1991.

LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. A vida de laboratório. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997. LIMA FILHO, Domingos L. A desescolarização da escola: impactos da reforma da educação profissional (período 1995 a 2002). Curitiba: Torre de Papel, 2003.

MANFREDI, Silvia Maria. Educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2003.

MANFREDI, Silvia Maria. A educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.

MOLL, Jaqueline et al. A educação profissional e tecnológica no Brasil contemporâneo: desafios, tensões e possibilidades. Porto Alegre: Artmed, 2010.

MOTA, Luzia; BISPO, Andréa. As atividades de ciência, tecnologia e inovação na rede federal: um estudo sobre o perfil das pró-reitorias de pesquisa, pós-graduação e inovação. In: CONNEPI, 7, Palmas, Tocantins, 2012 (Mimeografado).

OTRANTO, Celia Regina. Criação e implantação dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia – Ifets. Revista Retta, Seropédica, RJ, n. 1, p. 89-108, jan./jun. 2010.

RIBEIRO, Núbia M. Uma análise dos grupos de pesquisa do Cefet-BA. 2007. Monografia – Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia, 2007.

SCHÖN, Donald A. El professional reflexivo: cómo piensan los profesionales cuando actúan. Barcelona: Paidós, 1998.

SOUZA, Elias R.; RIBEIRO, Núbia M. A produção científica do Instituto Federal da Bahia em revistas de alto impacto. In: FARTES, Vera Lúcia B.; MOREIRA, Virlene C. (Org.). Cem anos de educação profissional no Brasil: história e memória do Instituto Federal da Bahia (1909-2009). Salvador: Edufba, 2010.

VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2005. WENGER, Etienne. Communities of practice: learning, meaning, and identity. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

Downloads

Publicado

30-12-2014

Como Citar

Bueno Fartes, V. L. (2014). A cultura profissional dos grupos de pesquisa nos institutos federais: uma comunidade de práticas?. Cadernos De Pesquisa, 44(154), 850–874. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/2897

Edição

Seção

Tema em Destaque