Gênero e ensino secundário: Experiências e estratégias dos professores

Autores

  • Maria Helena Santos Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, CIS-Iscte, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0001-7708-4634
  • António Manuel Marques Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal (ESS/IPS) e Centro de Investigação Interdisciplinar Aplicada em Saúde (CIIAS), Setúbal, Portugal https://orcid.org/0000-0002-0200-8976
  • Catarina Delgado Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-2280-0207

Palavras-chave:

Ensino Secundário, Tokenism, Relações de Gênero, Masculinidade

Resumo

Este estudo analisou os possíveis efeitos negativos associados aos homens docentes do ensino secundário português, bem como as suas estratégias para se integrarem em uma profissão em que as mulheres são maioritárias. Foram realizadas 16 entrevistas individuais semiestruturadas com 8 professores e 8 professoras, e os seus conteúdos foram submetidos a uma análise temática. A análise evidencia que os homens, nesse contexto, experienciam consequências distintas daquelas que as mulheres em situações similares vivenciam, assinalando-se, ainda, vantagens pela pertença à minoria. As experiências dos homens e as perceções das mulheres sugerem a existência de pressão para que os homens evidenciem, enquanto professores, os traços da masculinidade hegemônica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Helena Santos, Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, CIS-Iscte, Lisboa, Portugal

É licenciada (2001), mestre (2004) e doutorada (2011) em Psicologia Social e das Organizações, pelo ISCTE-IUL. No primeiro triénio do seu projeto de pós-doutoramento, trabalhou no Centre en Études Genre LIEGE, Universidade de Lausanne, Suíça, e no CIS-IUL. Foi coordenadora da Linha Temática Género, Sexualidades e Interseccionalidade entre 2017 e 2019 e cocoordenadora do grupo de investigação Psychange entre 2018 e 2021.

António Manuel Marques, Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal (ESS/IPS) e Centro de Investigação Interdisciplinar Aplicada em Saúde (CIIAS), Setúbal, Portugal

Doutorado em Psicologia Social e Organizacional no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Docente do Ensino Superior Politécnico e investigador no Centro Interdisciplinar de Investigação Aplicada em Saúde (CIIAS), Setúbal, Portugal. Áreas de investigação: género, masculinidade, sexualidade, saúde e mudança comportamental em saúde.

Catarina Delgado , Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, Portugal

Catarina Delgado concluiu o seu Mestrado em Psicologia Social e das Organizações em 2021 no Iscte - Instituto Universitário de Lisboa, Portugal. Os seus interesses de investigação estão centrados nos estudos de gênero, em particular nos contextos profissionais em que os homens estão em minoria.

Referências

Acker, J. (1990). Hierarchies, jobs, bodies: A theory of gendered organizations. Gender & Society, 4(2), 139-158. https://doi.org/10.1177/089124390004002002

Allegretto, S., & Mishel, L. (2016). The teacher pay gap is wider than ever: Teachers’ pay continues to fall further behind pay of comparable workers. Economic Policy Institute. https://www.epi.org/publication/the-teacher-pay-gap-is-wider-than-ever-teachers-paycontinues-to-fall-further-behind-pay-of-comparable-workers/

Amâncio, L. (1992). Assimetrias nas representações de género. Revista Crítica de Ciências Sociais, (34), 9-22.

Amâncio, L., & Oliveira, J. M. (2006). Men as individuals, women as a sexed category: Implications of symbolic asymmetry for feminist practice and feminist psychology. Feminism & Psychology, 16(1), 35-43. https://doi.org/10.1177/0959353506060818

Ashcraft, C., & Sevier, B. (2006). Gender will find a way: Exploring how male elementary teachers make sense of their experiences and responsibilities. Contemporary Issues in Early Childhood, 7(2), 130-145. https://doi.org/10.2304/ciec.2006.7.2.130

Bailey, L. E., & Graves, K. (2016). The changing attention to diversity and differences. Review of Research in Education, 40(1), 682-722. https://doi.org/10.3102/0091732X16680193

Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa

Budig, M. J. (2002). Male advantage and the gender composition of jobs: Who rides the glass escalator? Social Problems, 49(2), 258-277. https://doi.org/10.1525/sp.2002.49.2.258

Cognard-Black, A. J. (2004). Will they stay, or will they go? Sex‐atypical work among token men who teach. The Sociological Quarterly, 45(1), 113-139. https://doi.org/10.1111/j.1533-8525.2004.tb02400.x

Collinson, D., & Hearn, J. (1996). Men at work: Multiple masculinities/multiple workplaces. In M. M. an Ghaill (Ed.), Understanding masculinities (pp. 61-76). Open University Press.

Colombo, M., & Barabanti, P. (2020). Female hegemony among Italian educational professionals. In M. Colombo, & L. Salmieri, The education of gender: The gender of education. Sociological research in Italy (pp. 43-60). Associazione Per Scuola Democratica. http://www.learning4.it/wp-content/uploads/2020/11/the-education-of-gender-The-gender-of-education_SDvolume.pdf

Connell, R. W. (1995). Masculinities. Blackwell.

Cortez, M. G. (2015). A profissão de educador de infância e o género masculino. Whitebooks.

Drudy, S. (2008). Gender balance/gender bias: The teaching profession and the impact of feminisation. Gender and Education, 20(4), 309-323. https://doi.org/10.1080/09540250802190156

Hedlin, M., & Åberg, M. (2019). Principle or dialogue: Preschool directors speak about how they handle parents’ suspicions towards men. Power and Education, 11(1), 85-95. https://doi.org/10.1177/1757743819827979

Heikes, E. J. (1991). When men are the minority: The case of men in nursing. Sociological Quarterly, 32(3), 389-401. https://doi.org/10.1111/j.1533-8525.1991.tb00165.x

Kanter, R. M. (1977). Some effects of proportions on group life: Skewed sex ratios and responses to token women. The American Journal Sociology, 82(5), 965-990. https://doi.org/10.1086/226425

Kanter, R. M. (1993). Men and women of the corporation. Basic Books.

Laws, J. L. (1975). The psychology of tokenism: An analysis. Sex Roles, 1, 51-67. https://doi.org/10.1007/BF00287213

Loura, L. C. C. (2020). Como aprendem os portugueses: Escola, ensino básico e secundário, ensino superior. Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Marques, A. M. (2011). Masculinidade e profissões: Discursos e resistências. Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Maume, D. J. (1999). Glass ceilings and glass escalators: Occupational segregation and race and sex differences in managerial promotions. Work and Occupations, 26(4), 483-509. https://doi.org/10.1177/0730888499026004005

Moreau, M. P. (2015). Becoming a secondary school teacher in England and France: Contextualising career “choice”. Compare: A Journal of Comparative and International Education, 45(3), 401-421. https://doi.org/10.1080/03057925.2013.876310

Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD). (2022). Why is the gender ratio of teachers imbalanced? OECD Publishing. https://doi.org/10.1787/8fea2729-en

Ott, E. M. (1989). Effects of the male‐female ratio at work: Policewomen and male nurses. Psychology of Women Quarterly, 13(1), 41-57. https://doi.org/10.1111/j.1471-6402.1989.tb00984.x

Pordata. (2022). Docentes do sexo masculino em exercício nos ensinos pré-escolar, básico e secundário: Total e por nível de ensino. Fundação Francisco Manuel dos Santos. https://www.pordata.pt/portugal/

Pruit, J. C. (2015). Preschool teachers and the discourse of suspicion. Journal of Contemporary Ethnography, 44(4), 510-534. https://doi.org/10.1177/0891241614545882

Rabelo, A. O. (2016). Male teachers in elementary education in the public schools of Rio de Janeiro-Brazil and Aveiro-Portugal. Revista Electrónica de Investigación Educativa, 18(3), 135-145. http://redie.uabc.mx/redie/article/view/870

Rabelo, A. O. (2019). Interligação entre representações e questões de gênero na docência. Educación, XXVIII(54), 203-226. https://doi.org/10.18800/educacion.201901.010

Rabelo, A. O. (2021). A homofobia contra o professor “primário” do sexo masculino. Revista Ártemis, 31(1), 354-374. https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2021v31n1.54497

Sabbe, E., & Aelterman, A. (2007). Gender in teaching: A literature review. Teachers and Teaching: Theory and Practice, 13(5), 521-538. https://doi.org/10.1080/13540600701561729

Santos, M. H., & Amâncio, L. (2014). Sobreminorias em profissões marcadas pelo género: Consequências e reacções. Análise Social, 212(49), 700-726. http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/AS_212_d04.pdf

Santos, M. H., & Amâncio, L. (2018). Gender dynamics in elementary school teaching: The advantages of men. European Journal of Women’s Studies, 26(2), 195-210. https://doi.org/10.1177/1350506818802468

Santos, M. H., & Amâncio, L. (2019). Gender and nursing in Portugal: The focus on men’s double status of dominant and dominated. International Journal of Iberian Studies, 32(3), 159-172. https://doi.org/10.1386/ijis_00003_1

Santos, M. H., Amâncio, L., & Roux, P. (2015). Numbers do not tell the whole story: Gender and medicine in Portugal. Women’s Studies International Forum, 53, 73-82. https://doi.org/10.1016/j.wsif.2015.08.005

Santos, M. H., Cruz, E. F., & Marques, A. M. (2022). Gênero e pré-escola: Experiências e estratégias de homens educadores de infância. Cadernos de Pesquisa, 52, Artigo e08974. https://doi.org/10.1590/198053148974

Santos, M. H., Roux, P., & Amâncio, L. (2016). Experiences et strategies de femmes investies dans un “monde d’hommes”: Le cas de la politique locale portugaise. Sociologia, Problemas e Práticas, (82), 69-87. http://dx.doi.org/10.7458/SPP2016826945

Sargent, P. (2000). Real men or real teachers? Contradictions in the lives of men elementary teachers. Men and Masculinities, 2(4), 410-433. https://doi.org/10.1177/1097184X00002004003

Simmie, G. M. (2023). The gendered construction of teachers’ identities and practices: Feminist critical discourse analysis of policy texts in Ireland. Gender and Education, 35(3), 282-298. https://doi.org/10.1080/09540253.2023.2167944

Sullivan, V., Coles, L., Xu, Y., Perales, F., & Thorpe, K. (2020). Beliefs and attributions: Insider accounts of men’s place in early childhood education and care. Contemporary Issues in Early Childhood, 21(2), 126-137. https://doi.org/10.1177/1463949120929462

Taylor, C. J. (2010). Occupational sex composition and the gendered availability of workplace support. Gender & Society, 24(2), 189-212. https://doi.org/10.1177/0891243209359912

Williams, C. L. (1992). The glass escalator: Hidden advantages for men in the “female” professions. Social Problems, 39(3), 253-267. https://doi.org/10.2307/3096961

Williams, C. L. (1995). Still a man’s world. Men who do “women’s work”. University of California Press.

Yoder, J. D. (1991). Rethinking tokenism: Looking beyond numbers. Gender & Society, 5(2), 178-192. https://doi.org/10.1177/089124391005002003

Yoder, J. D. (1994). Looking beyond numbers: The effects of gender status, job prestige, and occupational gender-typing on tokenism processes. Social Psychology Quarterly, 57(2), 150-159. https://doi.org/10.2307/2786708

Yoder, J. D., & Sinnett, L. M. (1985). Is it all in the numbers? A case study of tokenism. Psychology of Women Quarterly, 9(3), 413-418. https://doi.org/10.1111/j.1471-6402.1985.tb00890.x

Zimmer, L. (1988). Tokenism and women in the workplace: The limits of gender-neutral theory. Social Problems, 35(1), 64-77. https://doi.org/10.2307/800667

Publicado

06-09-2023

Como Citar

Santos, M. H., Marques, A. M. ., & Delgado , C. . (2023). Gênero e ensino secundário: Experiências e estratégias dos professores. Cadernos De Pesquisa, 53, e10118. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/10118

Edição

Seção

Formação e Trabalho Docente