Estudantes de engenharia: entre o empoderamento e o binarismo de gênero

Autores

  • Adriana Zomer de Moraes Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), Orleans (SC), Brasil
  • Tânia Mara Cruz Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Tubarão (SC), Brasil

Palavras-chave:

Estudantes, Engenharia, Trabalho, Relações de Gênero

Resumo

Este artigo trata, a partir de entrevistas com estudantes de Engenharia (2014), de suas experiências acadêmicas e concepções de gênero em relação ao campo profissional. O materialismo histórico e dialético, como referencial, visa a estabelecer as conexões entre o particular e a totalidade social, e entre a subjetividade e a objetividade no processo histórico de transformações e permanências. O aumento do ingresso das mulheres nas engenharias exige contínuo enfrentamento das estudantes, que expressam estratégias de empoderamento contraditoriamente acompanhadas de atributos sustentados em binarismos de gênero. Por sua vez, os colegas e os professores tendem a reforçar a divisão sexual do trabalho em novas formas.

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Biografia do Autor

Adriana Zomer de Moraes, Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), Orleans (SC), Brasil

Mestre em Educação pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL em 2016; Coordenadora de Pós-Graduação do Centro Universitário Barriga Verde – UNIBAVE;

Tânia Mara Cruz, Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Tubarão (SC), Brasil

Professora do Mestrado em Educação - PPGE Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul, Tubarão, Santa Catarina, Brasil

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Publicado

13-07-2018

Como Citar

Moraes, A. Z. de, & Cruz, T. M. (2018). Estudantes de engenharia: entre o empoderamento e o binarismo de gênero. Cadernos De Pesquisa, 48(168), 572–598. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/5159

Edição

Seção

Artigos