Acesso de negros no ensino superior: o que mudou entre 2000 e 2010

Autores

  • Amélia Artes Fundação Carlos Chagas e Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo
  • Arlene Martinez Ricoldi Fundação Carlos Chagas, São Paulo, São Paulo

Palavras-chave:

Negros, Ensino Superior, Desigualdades Raciais, Índice de Paridade Racial – IPR.

Resumo

Nos últimos anos, a presença reduzida de negros no ensino superior tem ocupado um espaço cada vez mais expressivo nas discussões das agendas de políticas públicas, do movimento social e da academia. Este trabalho busca estudar se e de que forma as mudanças observadas no perfil dos estudantes de graduação se alteraram nos últimos anos. Para tanto, utilizam-se os microdados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 para a construção do perfil do alunado que frequenta cursos de graduação com uma análise complementar de suas diferentes áreas de formação. As análises indicam uma melhora nas taxas de acesso à graduação para os negros, porém com resultados ainda distantes de sua participação no total da população brasileira. O trabalho apresenta o Índice de Paridade Racial – IPR – como um indicador sintético da distância entre negros e brancos nos diferentes aspectos apresentados.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Amélia Artes, Fundação Carlos Chagas e Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo

Possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1991), graduação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (2002), mestrado em Sociologia da Educação pela Universidade de São Paulo (2005) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2009).. Trabalha na Fundação Carlos Chagas – FCC – Projeto Equidade na Pós-graduação. Docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

Arlene Martinez Ricoldi, Fundação Carlos Chagas, São Paulo, São Paulo

Bacharel e licenciada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, com mestrado (2005) e doutorado (2011) em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente é pesquisadora do Departamento de pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia das Relações de Gênero, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, feminismo, movimentos sociais, direitos humanos, articulação família e trabalho e políticas públicas.

Referências

ANDRADE, Cibele; DACHS, J. Norberto. Acesso à educação por faixas etárias segundo renda e cor/raça. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 131, p. 399-422, 2007.

BELTRÃO, Kaizo; TEIXEIRA, Moema de P. O vermelho e o negro: raça e gênero na universidade brasileira – uma análise da seletividade das carreiras a partir dos censos demográficos de 1960 a 2000. Rio de Janeiro: Ipea, 2004. (Texto para Discussão n. 1052)

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

BRASIL. Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior. Plano Nacional de Pós-Graduação – PNPG 2011-2020. Brasília, DF: Capes, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Tire suas dúvidas. Brasília, DF: MEC. 2015. Disponível em: <http://siteprouni.mec.gov.br/tire_suas_duvidas.php#conhecendo>. Acesso em: ago. 2015. BRUSCHINI, Cristina et al. Trabalho, renda e políticas sociais: avanços e desafios. In: BARSTED, Leila; PITANGUY, Jacqueline (Org.). O progresso das mulheres no Brasil 2003-2010. Rio de Janeiro: Cepia; Brasília, DF: ONU Mulheres, 2011. p. 142-177.

COSTA, Sergio. A construção sociológica da raça. Estudos Afro-Asiáticos, ano 24, n. 1, p. 35-61, 2002.

CUNHA, Estela Maria G. P. Brasil está reduzindo suas disparidades raciais? In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS – ABEP, 18., Águas de Lindoia, 2012. Anais... Águas de Lindoia: Abep, 2012.

DAFLON, Verônica Toste; FERES JUNIOR, João; CAMPOS, Luiz Augusto. Ações afirmativas raciais no ensino superior público brasileiro: um panorama analítico. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 148, p. 302-327, abr. 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015>. Acesso em: 22 ago. 2014.

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Mapa da população negra no mercado de trabalho. São Paulo: Dieese, 1999.

DOMINGUES, Petrônio José. Negros de almas brancas? A ideologia do branqueamento no interior da comunidade negra em São Paulo, 1915-1930. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 563-600, 2002.

FERES JR., João (Org.). Ação afirmativa no ensino superior brasileiro hoje: análise de desenho institucional 2011. Rio de Janeiro: Gemaa – Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa IESP/UERJ, 2011.

FERRETI, Celso. A mulher e a escolha vocacional. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 16, p. 20-40, 1976.

GUIMARÃES, Antônio Sergio. Classes, raças e democracia. São Paulo: 34, 2002.

HASENBALG, Carlos. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

HENRIQUES, Ricardo. Desigualdade racial no Brasil: evolução das condições de vida na década de 90. Rio de Janeiro: Ipea, 2001. (Textos para Discussão n. 807).

HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico. Microdados, 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico. Microdados, 2000.

KERGOAT, Danièle; HIRATA, Helena. A divisão sexual do trabalho revisitada. In: MARUANI, Margaret; HIRATA, Helena (Org.). As novas fronteiras da desigualdade: homens e mulheres no mercado de trabalho. São Paulo: Senac, 2003. p. 111-123.

MAGALHÃES, Alânia. Trabalho e educação: os efeitos da educação sobre o processo de estratificação social entre brancos e não brancos no Brasil. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA, 1., UFPR, 2009. Grupo de trabalho 5.

MARTELETO, Letícia J. Educational inequality by race in Brasil, 1982-2007: structural changes and shifts in racial classification. Demography, n. 49, p. 337-358, 2012.

MELO, Hildete Pereira; LASTRES, Helena Maria Martins; MARQUES, Teresa Cristina Novaes. Gênero no sistema de ciências, tecnologia e inovação no Brasil. Revista Gênero, v. 4, n. 2, p. 73-94, 2004.

MONTALVÃO, Arnaldo. Estratificação educacional no Brasil do século XXI. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 54, n. 2, p. 389-430, 2011.

OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES. Distância social entre brancos e não-brancos. 2013. Disponível em: <http://web.observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_content&view=article&id=45&Itemid=114&lang=pt>. Acesso em: 19 set. 2013.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Relatório de monitoramento global educação para todos, 2003-2004. São Paulo: Moderna, 2004.

PAIXÃO, Marcelo (Org.). Relatório anual das desigualdades raciais no Brasil: 2009-2010. Rio de Janeiro: UERJ, 2010.

PRATES, Antonio A. P.; SILVA, Matheus F.; PAULA, Tulio S. Natureza administrativa das instituições de ensino superior, gestão organizacional e o acesso aos postos de trabalho de maior prestígio no mercado de trabalho. Sociedade e Estado, v. 27, n. 1, p. 25-44, jan./abr. 2012.

RIBEIRO, Sergio Costa; KLEIN, Ruben. A divisão interna da universidade: posição social das carreiras. Educação e Seleção, n. 5, p. 29-43, jan./jun. 1982.

ROSEMBERG, Fúlvia. Ação afirmativa no ensino superior brasileiro. Programa de Ações Afirmativas em Debate. São Carlos: UFSCar, 2006.

ROSEMBERG, Fúlvia. Educação formal, mulher e gênero no Brasil contemporâneo. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 515-540, 2001.

ROSEMBERG, Fúlvia; ANDRADE, Leandro. Ação afirmativa no ensino superior brasileiro: a tensão entre raça/etnia e gênero. Cadernos Pagu, n. 31, p. 419-437, jul./dez. 2008.

ROSEMBERG, Fúlvia; MADSEN, Nina. Educação formal, mulheres e gênero no Brasil contemporâneo. In: BARSTED, Leila L.; PITANGUY, Jacqueline (Org.). O progresso das mulheres no Brasil 2003–2010. Rio de Janeiro: Cepia; Brasília, DF: ONU Mulheres, 2011. p. 390-424.

ROSEMBERG, Fúlvia et al. Diagnóstico sobre a situação educacional de negros (pretos e pardos) no estado de São Paulo. São Paulo: FCC/Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 1986. 2 v.

SANTOS, Ângela Maria dos. Vozes e silêncio do cotidiano escolar: análise das relações raciais entre alunos negros e não-negros em duas escolas públicas no município de Cáceres-MT. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2005.

SÃO PAULO. Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Os negros no mercado de trabalho na região metropolitana de São Paulo: o mercado de trabalho em 2012. Sistema de pesquisa de emprego e desemprego. São Paulo: Seade, nov. 2013.

SILVA, Nelson do Valle; HASENBALG, Carlos. Tendências da desigualdade educacional no Brasil. Dados, v. 43, n. 3, p. 423-445, 2000. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0011-52582000000300001>. Acesso em: 30 abr. 2014.

SILVA, Tatiana Dias. Mulheres negras, pobreza e desigualdade de renda. In: MARCONDES, Mariana et al. (Org.). Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Brasília, DF: Ipea, 2013.

SILVEIRA, Leonardo Souza; MUNIZ, Jerônimo Oliveira. Diferenciais de rendimento entre brancos e negros: uma comparação intra e inter metropolitana. Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 16 n. 31, jun. 2014.

SOARES, Sergei. A demografia da cor: a composição da população brasileira de 1890-2007. In: THEODORO, Mario (Org.). As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil 120 anos após a abolição. Brasília, DF: Ipea, 2008.

Publicado

11-12-2015

Como Citar

Artes, A., & Ricoldi, A. M. (2015). Acesso de negros no ensino superior: o que mudou entre 2000 e 2010. Cadernos De Pesquisa, 45(158), 858–881. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/3273

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)