Sempre elas? Valores e divisão do trabalho doméstico em perspectiva comparada

Autores

Palavras-chave:

Desigualdade, Relações de Gênero, Divisão Sexual do Trabalho, Trabalho Doméstico

Resumo

De que forma os valores de gênero e as práticas em relação ao trabalho doméstico variam segundo os contextos nacionais e as características dos indivíduos? Para responder a essa pergunta, o artigo analisa os dados do Family and Changing Gender Roles, do International Social Survey Programme (ISSP), elegendo as questões sobre os valores de gênero e práticas na divisão do trabalho doméstico de 41 países de diferentes continentes através de análise multinível. Os resultados indicam que gênero, escolaridade, horas trabalhadas, religião e religiosidade influenciam valores e práticas de gênero. Mas, enquanto o contexto nacional no qual as pessoas vivem afeta os valores de gênero, os países se mostram muito mais homogêneos no que se refere às práticas relacionadas à divisão sexual do trabalho.

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Biografia do Autor

Felícia Picanço, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestrado e doutorado em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. É professora adjunta do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da UFRJ. Desenvolve pesquisas sobre desigualdades de gênero, raça e na juventude em relação a trabalho, educação, trajetórias e estilos de vida.

Maira Covre-Sussai, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Leuven.  Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestrado acadêmico (advanced master) em Análise Quantitativa aplicada às Ciências Sociais, pela Universidade de Leuven e mestrado profissional pela Fucape Business School. Coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Desigualdades Contemporâneas e Relações de Gênero, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Nuderg/PPCIS) da UERJ.

Isadora Vianna Sento-Sé, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Pesquisadora de pós-doutorado na UERJ, com apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Doutora em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UERJ. É bacharel em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pesquisadora associada do Núcleo de Estudos sobre Desigualdades Contemporâneas e Relações de Gênero, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Nuderg/PPCIS) da UERJ.

Clara Araújo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Graduação em Ciências Sociais, mestrado e doutorado em Sociologia e Antropologia pela UFRJ. Especialização em  Planejamento de Políticas Públicas de Gênero, pela University College London. Pós-doutorado em Sociologia, na UFRJ e no Center for Latin American Studies da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. É professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pró-Cientista do Programa Pró-Ciência da UERJ. Pesquisadora do CNPq, bolsista de produtividade, nível 2. Pesquisadora do Laboratório de Análise de Dados Quantitativos-Quantidados, no Núcleo do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPCIS) da UERJ. 

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Publicado

01-11-2024

Como Citar

Picanço, F., Covre-Sussai, M., Sento-Sé, I. V., & Araújo, C. (2024). Sempre elas? Valores e divisão do trabalho doméstico em perspectiva comparada. Cadernos De Pesquisa, 54, e10796. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/10796

Edição

Seção

Trabalho Doméstico: Casa, Mercado e Política