Percursos entrelaçados: a travessia de alunos-professores a professores-alunos
DOI:
https://doi.org/10.18222/fcc-pprmm2021_2Resumo
Travestida de liberdade de expressão, a desinformação circula à margem do crivo das universidades e das escolas. As restrições sociais da pandemia de covid-19 conduziram à adoção do ensino remoto, em tempos de exacerbadas desigualdades sociais, de acesso limitado à tecnologia e da precariedade dos sistemas públicos de ensino e saúde.
É nesse contexto que, em 2020, surgiu a proposta Lab Vivo, que se baseia no princípio simples de entrelaçar os percursos formativos de licenciandos na disciplina de graduação e de estudantes do ensino médio em um curso de extensão.
Aqui exploramos as contribuições desse princípio para a formação na licenciatura, sobretudo no que tange à constituição da identidade docente. Esta proposta estabelece um novo contrato pedagógico para os dois corpos discentes, em que se preveem compromissos e engajamentos mais profundos do que aqueles presentes nas propostas usuais de prática de ensino.
Implementada em duas edições, inteiramente remotas, em 2020 e 2021, a proposta baseia-se em uma abordagem orientada por projetos, na qual o objetivo é criar e aplicar um curso de extensão com base no seguinte fio condutor: dissecar desinformação sobre covid-19, elaborar hipóteses, testá-las por meio de experimento, examinar os achados e valorar as consequências em se adotar e propagar desinformação. Até o presente, a proposta envolveu 39 licenciandos e atendeu 197 estudantes de ensino médio da rede pública.
Downloads
Referências
BARZILAI, S.; CHINN, C. A. A review of educational responses to the “post-truth” condition: Four lenses on “post-truth” problems. Educational Psychologist, v. 55, n. 3, p. 107-119, 2020.
CRUZ, G. B. da. Ensino de didática e aprendizagem da docência na formação inicial de professores. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 47, n. 166, p. 1166-1195, out./dez. 2017.
DEMO, P. Avaliação qualitativa. 6. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.
DOMIN, D. S. A review of laboratory instruction styles. Journal of Chemical Education, v. 76, n. 4, p. 543-547, 1999.
DRAMÉ, D. The health crisis: fertile ground for disinformation. The UNESCO Courier, Paris, n. 2, p. 24-26, 2020.
GATTI, B. A.; BARRETTO, E. S. S.; ANDRÉ, M. E. D. A.; ALMEIDA, P. C. A. Professores do Brasil: novos cenários de formação. Brasília: Unesco, 2019. 351 p.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA – UNESCO. COVID-19: reopening and reimagining universities, survey on higher education through the UNESCO National Commissions. Paris: Unesco, 2021.
POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
SANT’ANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar?: critérios e instrumentos. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. 136 p.
SCHNETZLER, R. P. Alternativas didáticas para formação docente em Química. In: CUNHA, A. M. O. et al. (org.). Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 149-166.
SOUZA, F. L.; AKAHOSHI, L. H.; MARCONDES, M. E. R.; CARMO, M. P. Atividades experimentais investigativas no ensino de química. São Paulo: Cetec, 2014.
SUART, R. C. Formação inicial de professores de química: o processo de reflexão orientada visando o desenvolvimento de práticas educativas no ensino médio. 2016. 398 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências) – Instituto de Física, Química, Biologia e Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
SUART, R. C.; MARCONDES, M. E. R. A manifestação de habilidades cognitivas em atividades experimentais investigativas no ensino médio de química. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 50-74, 2009.