CAJÓN: ESTRATÉGIA INTERVENTIVA PARA COMPARTILHAMENTO DE EMOÇÕES EM SALA DE AULA

Resumo

O cajón é uma estratégia interventiva que desenvolvi como método didático
junto aos estudantes de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia, na
disciplina Ciências e Mídias, inspirada em conceitos do linguista russo Mikhail Bakhtin,
na teoria da sociedade do consumo de Zygmunt Bauman e na filosofia da diferença. Por ser
um instrumento de percussão de alta vibração, o cajón foi escolhido como elemento central para
a atividade. O intuito da intervenção é que cada sujeito compartilhe com os demais colegas
de turma alguma memória que reverbere neles, tal qual o som do cajón. Essa estratégia foi
criada com o propósito de provocar discussões acerca dos estereótipos e representações que
circulam no contemporâneo acerca do outro e, assim, diminuir barreiras para o acesso aos
sujeitos que constituem conosco a sala de aula. O cajón compõe a disciplina Ciências e Mídias
em três momentos: 1) livre, levando uma história para ser contada a partir de um objeto que
faça referência àquilo que reverbera no sujeito; 2) uma fotografia com um dizer de própria
autoria sobre a imagem; 3) um texto autoral. Muitas histórias pessoais são compartilhadas
por meio de algo materializado, como sapatinhos de bebê, fotografias de pessoas queridas,
cartas, embalagens de presentes, roupas, adereços e muitos outros objetos que fazem lembrar
o vivido, as quais têm promovido a empatia e possibilitado conversas sobre as emoções.