Criacionismo: transformações históricas e implicações para o ensino de ciências e biologia

Autores

  • Luís Fernando Marques Dorvillé Departamento de Ciências da Faculdade de Formação de Professores – FFP – da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ –, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
  • Sandra Lúcia Escovedo Selles Departamento de Sociedade, Educação e Conhecimento da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense – UFF –, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil

Palavras-chave:

Ensino de Ciências, Biologia, Criacionismo, Religião

Resumo

Ao longo das últimas décadas, um número crescente de comunidades evangélicas e adventistas tem defendido o criacionismo em nosso país. Este artigo se propõe a examinar as matrizes identitárias desse movimento, suas transformações ao longo do tempo e a influência de seus discursos na sociedade, em particular no ensino de ciências e biologia. Sugere-se que o enfrentamento dessa situação deva envolver práticas que contribuam para uma melhor compreensão da atividade científica, enfatizando a relevância da sua abordagem na formação inicial. É destacada ainda a importância de atividades didáticas capazes de promover um ambiente de respeito pelas diferentes visões de mundo ao mesmo tempo em que trabalham o conhecimento transmitido pela ótica do estranhamento, desabilitando zonas de conforto.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luís Fernando Marques Dorvillé, Departamento de Ciências da Faculdade de Formação de Professores – FFP – da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ –, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

 

 

Referências

APPLE, Michael. Evolution versus Creationism in Education. Educational Policy, n. 22, p. 327-335, 2008.

ARMSTRONG, Karen. Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE BIOLOGIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS. Carta aberta. Rio de Janeiro: SBEnBio, ABRAPEC, 24 nov. 2014. Disponível em: <http://www.sbenbio.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2014/11/Carta-Aberta-SBEnBio-ABRAPEC.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2016.

BRANCH, Glenn; SCOTT, Eugenie. Manobras mais recentes do criacionismo. Scientific American Brasil, n. 81, p. 82-89, 2009.

CANDAU, Vera Maria. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. In: CANDAU, Vera Maria (Org.). Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009. p. 154-173.

COBERN, William. Comments and Criticism. Point: belief, understanding, and the teaching of evolution. Journal of Research in Science Teaching, n. 31, p. 583-590, 1994.

COBERN, William. Worldview theory and conceptual change in science education. Science Education, n. 80, p. 579-610, 1996.

CUNHA, Luiz Antônio. Autonomização do campo educacional: efeitos do e no campo religioso. Revista Contemporânea de Educação, v. 1, n. 2, p. 1-15, 2006. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/1501>. Acesso em: 15 abr. 2016.

CUNHA, Magali do N. A Explosão Gospel. Um olhar das Ciências Humanas sobre o cenário evangélico no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007. 231p.

DORVILLÉ, Luís Fernando M. Religião, escola e ciência: conflitos e tensões nas visões de mundo de alunos de uma licenciatura em ciências biológicas. 2010. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010.

FERREIRA, Nilson Cândido. Evolucionismo e criacionismo: aspectos de uma polêmica. 2008. Tese (Doutorado) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.

FONSECA, Lana Cláudia de Souza. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Religião e ciência encontram-se nas aulas de ciências na escola pública. Ciência em Tela, n. 1, p. 1-11, 2008.

GOULD, Stephen Jay. Pilares do tempo: ciência e religião na plenitude da vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

LARSON, Edward. Trial and error: the American controversy over creation and evolution. New York: Oxford University Press, 2003.

LAUDAN, Larry. Some problems facing intuitionist meta-methodologies. Synthese, n. 67, v. 1, p. 115-129, 1986.

LICATTI, Fábio. O ensino de evolução biológica no nível médio: investigando concepções de professores de biologia. 2005. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2005.

MARANDINO, Martha; SELLES, Sandra E.; FERREIRA, Marcia S. Ensino de biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2011.

MARTINS, Maurício Vieira. De Darwin, de caixas-pretas e do surpreendente retorno do “criacionismo”. História, ciências, Saúde, n. 8, p. 739-756, 2001.

MATZKE, Nicholas. The evolution of creationist movements. Evolution: education and outreach, n. 3, v. 2, p. 145-162, 2010.

MAYR, Ernst. Uma ampla discussão: Charles Darwin e a gênese do moderno pensamento evolucionário. Ribeirão Preto: Funpec, 2006.

MENDONÇA, Antônio Gouvêa. Evolução histórica e configuração atual do protestantismo no Brasil In: MENDONÇA, A. G.; VELASQUES FILHO, P. Introdução ao Protestantismo no Brasil. São Paulo: Loyola, 2002. p. 11-59.

MOORE, Randy. Creationism in the United States: the aftermath of the scopes trial. The American Biology Teacher, n. 60, p. 568-577, 1998.

MOORE, Randy. The revival of creationism in the United States. Journal of Biological Education, n. 35, p. 17-21, 2000.

MOORE, Randy. The lingering impact of the scopes trial on high school Biology textbooks. Bioscience, n. 51, p. 790-796, 2001.

MORTIMER, Eduardo Fleury. Construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde vamos? Investigações em Ensino de ciências, n. 1, p. 20-39, 1996.

NOVAES, Regina Reyes. Pentecôtisme à la brésilienne: des controverse en cours. Archive de sciences sociales des religions, n. 105, p. 125-143, 1999.

NUMBERS, Ronald. Darwinism comes to America. Massachusetts: Harvard University Press, 1998.

NUMBERS, Ronald. The creationists: from scientific creationism to intelligent design. Massachusetts: Harvard University Press, 2006.

PARKER, Franklin. Why the evolution/creation battle rages: what educators can do. Morgantown: West Viriginia University, out. 1981. Disponível em: <http://files.eric.ed.gov/fulltext/ED207904.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016.

RAZERA, Júlio César Castilho; NARDI, Roberto. Ética no ensino de ciências: atitudes e desenvolvimento moral nas controvérsias. In: RAZERA, Júlio César Castilho; NARDI, Roberto (Org.). Educação em ciências: da pesquisa à prática docente. São Paulo: Escrituras, 2001. p. 41-56.

RUSE, Michael. The evolution-creation struggle. Massachusetts: Harvard University Press, 2006.

RUTHVEN, Malise. Fundamentalism: a very short introduction. Oxford: Oxford University Press, 2007.

SCHÜNNEMAN, Haller Elinar Stach. O papel do “criacionismo científico” no fundamentalismo protestante. Estudos de Religião, n. 35, p. 64-86, 2008.

SCOTT, Eugenie C. Antievolution and Creationism in the United States. Annual Review of Anthropology, n. 26, p. 263-289, 1997.

SCOTT, Eugenie C. Evolution versus creationism: an introduction. Los Angeles: University of California Press, 2004.

SCOTT, Eugenie C. Creationism and evolution: it’s the American Way. Cell, n. 124, p. 449-451, 2006.

SCOTT, Eugenie C. Cans and Can’ts of teaching evolution. Oakland: National Center for Science Education, 17 out. 2008. Disponível em: <http://ncse.com/evolution/education/cans-cants-teaching-evolution>. Acesso em: 15 abr. 2016.

SCOTT, Eugenie C.; MATZKE, Nicholas. Biological design in science classrooms. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, n. 104, Suppl. 1, p. 8669-8676, 2007.

SEPULVEDA, Cláudia de Alencar Serra; EL-HANI, Charbel Niño. Ensino de evolução: uma experiência na formação inicial de professores de biologia. In: TEIXEIRA, P. M. M.; RAZERA, J. C. C. (Org.). Ensino de ciências: pesquisas e pontos em discussão. Campinas: Komedi, 2009. p. 21-45.

SEPULVEDA, Cláudia de Alencar Serra; EL-HANI, Charbel Niño. Quando visões de mundo se encontram: religião e ciência na trajetória de formação de alunos protestantes de uma Licenciatura em Ciências Biológicas. Investigações em Ensino de Ciências, n. 9, p. 137-175, 2004.

SOUZA, Sandro de. A goleada de Darwin: sobre o debate criacionismo/darwinismo. Rio de Janeiro: Record, 2009.

TEIXEIRA, Pedro. Ensino de evolução e religiosidade dos estudantes: reflexões sobre a prática pedagógica. Revista da Associação Brasileira de Ensino de Biologia, n. 7, p. 6161-6172, 2014.

TEIXEIRA, Pedro; ANDRADE, Marcelo. Entre as crenças pessoais e a formação acadêmica: como professores de biologia que professam fé religiosa ensinam evolução? Ciência & Educação, n. 20, p. 297-313, 2014.

TIDON, Rosana; LEWONTIN, Richard C. Teaching evolutionary biology. Genetics and Molecular Biology, n. 27, p. 124-131, 2004.

VEIGA, Edison; BRANDÃO, Raquel. Teoria da evolução não é incompatível com fé, diz papa. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 28 out. 2014.

WILLIAMS, Robert. Scientific creationism: an exegesis for a religious doctrine. American Anthropologist, New Series, n. 85, p. 92-102, 1983.

Downloads

Publicado

21-06-2016

Como Citar

Dorvillé, L. F. M., & Selles, S. L. E. (2016). Criacionismo: transformações históricas e implicações para o ensino de ciências e biologia. Cadernos De Pesquisa, 46(160), 442–465. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/3581

Edição

Seção

Artigos